Longe de se acharem desleais, os vendedores ambulantes julgam que os comerciantes dos shoppings populares se dão melhor, porque vendem mais e conseguem vender mais caro. “Dentro do shopping os produtos ficam mais valorizados. Conheço pessoas que vendem produtos iguais aos meus, só que bem mais caros”, afirmou um vendedor ambulante de óculos escuros, que preferiu não se identificar.
“As lojas vendem mais porque aceitam cartão. Tem muita gente que está endividada já, só comprando no cartão”, avaliou a vendedora ambulante Renata Sousa. Ambos os vendedores disseram que as vendas estão mais fracas do que no período natalino do ano passado.
Um outro vendedor de óculos escuros contou que saiu das praias, onde passava vendendo os óculos para banhistas, e passou a vender em uma calçada do Centro durante o final do ano. “Aqui vende melhor do que na praia, mas a gente não pode ficar porque a Prefeitura não deixa. Nesse final do ano eles aliviaram a fiscalização, estão deixando a gente vender, mas em janeiro tenho que voltar para a praia”, afirmou.
A maioria dos ambulantes não aceita se identificar ou tirar fotografias por medo de serem repreendidos pela fiscalização. “Ir atrás de marginal e ladrão eles não querem, mas querem vir atrás do trabalhador”, queixou-se um vendedor de rua.
SEM LIBERAÇÃO
O secretário de Desenvolvimento Urbano de João Pessoa, Hildevânio Macedo, explicou que não houve liberação para os ambulantes no final do ano, como havia afirmado um vendedor. “A fiscalização tem acontecido normalmente, com equipes pela manhã, tarde e noite”, disse.
Embora os comerciantes afirmem que perdem vendas para os ambulantes, a praticidade na estrutura dos shop- pings populares atrai muitos consumidores. O mecânico João Guilherme Moreira é um deles. João Guilherme, que estava escolhendo presentes de Natal no CCP, contou que sempre costuma fazer compras no local, que além de ser mais confortável, tem a praticidade de possuir uma grande variedade de produtos em um só lugar. “E ainda aceita cartão”, destacou ele, acrescentando que estava pesquisando os preços antes de começar a comprar de fato.
José Gilberto Pontes, responsável pelo Shopping 4400, também se queixou de movimento mais fraco do que no ano passado, e disse que tem esperança que as vendas melhorem nesses últimos dois dias antes do Natal.
