Entidades da educação são a favor da suspensão do Novo Ensino Médio

Governo Federal propõe que sejam feitas audiências públicas, oficinas de trabalho e consultas a estudantes e professores.

Entidades da educação são a favor da suspensão do Novo Ensino Médio Foto: Unsplash

Entidades da área de educação aprovaram a medida do Ministério da Educação de suspender por 60 dias a implementação do Novo Ensino Médio (NEM) e de aguardar a conclusão de uma consulta pública para a avaliação e reestruturação da política nacional sobre o Ensino Médio. O tema deve ser tratado como um diálogo do Governo Federal com o setor.

“Frear a implementação do Novo Ensino Médio é um passo importante para os estudantes e professores que estão sofrendo com os impactos de uma medida aprovada sem o amplo debate e sem o aperfeiçoamento de quem vive a escola diariamente”, explica a presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Jade Beatriz.

A presidente da Ubes ainda ressalta que a participação dos estudantes nesse processo de criar um novo currículo para o ensino médio é extremamente importante, já que é um momento decisivo na vida dos estudantes.

Gabriel Corrêa, diretor de políticas públicas do Todos pela Educação, argumentou que a decisão do MEC deve ser feita de forma conjunta com as secretarias estaduais de Educação e de maneira clara com os estudantes e professores.

O Ministério da Educação precisa dar mais clareza às secretarias de Educação, às escolas, aos profissionais e aos estudantes”, diz o diretor.

Como contribuir para o debate

Contribuições para a avaliação do Governo Federal podem ser feitas em audiências públicas, oficinas de trabalho, seminários e pesquisas nacionais com estudantes, professores e gestores das escolas sobre a implementação do Novo Ensino Médio nas escolas do país.

Katharine Ninive Pinto Silva, professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), diz que “é preciso que esse modelo de ensino médio seja revogado, tendo em vista o fato de que aprofunda as desigualdades de acesso ao saber historicamente produzido pela humanidade”.

A Campanha Nacional pelo Direito à Educação, organização da sociedade civil do campo da educação criada em 1999, entende que a medida do atual governo é um “primeiro passo” e requer providências posteriores. “Não é, obviamente, suficiente. E ainda faltou responder o que as escolas vão fazer nesse período de consulta e nos 60 dias”, destaca a coordenadora-geral da entidade, Andressa Pellanda.

No entanto, Andressa julga que a política educacional suspensa pelo atual governo não tem condições de ser remendada. Para ela, o problema maior está no modelo proposto. “Não serve para a formação plena dos estudantes, sua formação, para a cidadania e para o trabalho”.