Evasão na UFPB chega a 2,5 mil alunos a cada ano

Reduzir esse número é o desafio do Reuni, Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais, financiado pelo governo federal.

Do Jornal da Paraíba

Anualmente, cerca de 2,5 mil alunos da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) abandonam o curso de graduação ou, simplesmente, o trancam. Reduzir esse número é o desafio do Reuni, Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais, financiado pelo governo federal. Apenas na UFPB, o projeto deve investir, até 2012, mais de R$ 130 milhões em recursos humanos, em obras de expansão e aquisição de equipamentos.

Para receber a verba e manter o funcionamento dos 32 novos cursos criados pelo Reuni, no entanto, a universidade tem como meta garantir a elevação da taxa de conclusão dos alunos das graduações presenciais em 90%. É o mesmo que fazer com que estudantes como Leila Neiva Ribeiro, de 26 anos, que trancou o curso de Engenharia de Produção por três semestres antes de abandoná-lo de vez há dois anos, formar-se dentro do tempo previsto.

“Passei cinco anos estudando e depois de um tempo percebi que não era o que eu queria. O curso estava muito puxado, ainda faltavam doze disciplinas para eu me formar e não podia perder as oportunidades de emprego que estavam surgindo”, justifica a estudante. “Engenharia atendeu às minhas expectativas no começo, mas quando comecei a estudar algumas matérias ligadas à Administração, vi que se aproximava mais do meu perfil. Acabei transferindo para uma faculdade particular para não perder tempo com greves e me formar no tempo certo”.

Segundo o pró-reitor de Graduação da UFPB, professor Valdir Barbosa Bezerra, a média de evasão escolar anual na instituição está entre 10% e 12%, o que representa cerca de 2.500 alunos, de um total aproximado de 21 mil universitários matriculados, atualmente, na instituição. A média da UFPB, no entanto, continua abaixo da nacional, que é em torno de 14% a 15%. De acordo com ele, a evasão depende do curso e guarda uma forte correlação entre a procura e a oferta no vestibular. Os que apresentam menor registro de desistências e trancamentos são aqueles com maior concorrência no Processo Seletivo Seriado (PSS), como por exemplo, os cursos de Medicina, Direito e Odontologia.

“Os alunos apresentam diferentes razões para o abandono e trancamentos, tais como a dificuldade em compatibilizar os estudos com o emprego, e problemas de ordem financeira. Vamos fazer um trabalho sistemático, identificar todas as causas da evasão, além de adotar as ações necessárias para a superação desse problema”, explica Valdir.

Uma das medidas já desenvolvidas pela instituição é a manutenção da Residência Universitária e do Restaurante Universitário, que auxiliam na assistência à moradia e alimentação dos estudantes de baixa renda. Outro projeto adotado pela universidade é a tutoria, espécie de acompanhamento dos alunos recém-chegados do Ensino Médio, os conhecidos “feras”, por monitores ou estudantes dos cursos de pós-graduação.

E para alunos como Maria Emília da Silva, de 21 anos, que cursou Administração na UFPB na mesma época em que estudava Comunicação Social, também na UFPB, e acabou trancando este último, já existe uma medida para impedir a matrícula em dois cursos simultaneamente nas universidades públicas. “O governo está com um projeto para impedir que o estudante faça dois ou mais cursos, simultaneamente, em universidades públicas. Ele já foi aprovado pela Câmara e encaminhado ao Senado”, informa o pró-reitor.