As cenas da derrota para a Rússia ainda vão ficar por muito tempo na cabeça de Bernardinho. A medalha de ouro que escapou das mãos fez o técnico se questionar se poderia ter feito algo diferente para evitar a virada inesperada. Como técnico, ainda busca respostas. Como pai, trocou as palavras pelas lágrimas. Emocionou-se ao saber que Bruninho tinha chorado no segundo degrau do pódio e disse que isso também pesará na sua decisão de continuar ou não no comando da seleção até os Jogos do Rio, em 2016.
“Ainda bem que não vi. É uma das coisas que vou ter que pensar, porque é situação difícil, principalmente para ele, pela cobrança. É uma das coisas mais difíceis trabalhar com filho. Em alguns momentos, as pessoas tentam me atingir por meio do Bruno.
Acho que ele foi o melhor levantador das Olimpíadas e fez o sistema funcionar. Mas isso também vai pesar na minha avaliação de continuar ou não na seleção”, disse.
Conforme promessa feita à família, Bernardinho terá até abril de 2013 para escolher se continuará apenas no comando da seleção ou da equipe feminina do Rio de Janeiro.
“Isso é a única coisa certa na minha vida. Após a temporada com o Rio de Janeiro, não vou continuar nas duas frentes. Prometi isso a minha família. Se não vou continuar aqui, vou continuar ali.
E se não for lá, é aqui. Agora vou ficar ruminando um pouco essa final. Tenho que pensar o que quero fazer. Acho que o técnico para o próximo ciclo tem que ser exclusivo, porque o foco tem que ser absoluto. A concorrência vai ser grande, os Jogos vão ser em casa, e haverá mais pressão. Vamos ter que alçar alguns jogadores da seleção de base e correr alguns riscos”.
Até porque os remanescentes da Geração de Ouro se despediram em Londres – Serginho, Giba, Ricardinho, Rodrigão e Dante são os campeões de 2004 que jogaram em 2012. Apesar da derrota, Bernardinho vê um bom futuro para a seleção nos próximos quatro anos.
“Quando nós chegamos aqui, não havia prognóstico de que o Brasil teria chance de medalha. Mostramos que temos um grupo competitivo e que briga. Perdemos as opções de mudanças com a lesão do Vissotto. Acho que, de positivo, eu tiro o sistema. Não vi nenhum melhor do que o nosso e ele não falhou. Nesta final, acho que o domínio físico foi preponderante”.