Desde aquela tarde de futebol em Campina Grande, quando o Campinense empatou pelo placar de 0 a 0 com o São Paulo, em partida válida pela Taça de Ouro de 1981, passaram-se 41 anos. A Raposa neste meio tempo conquistou uma série de estaduais, acessos e a Copa do Nordeste, maior título de sua história. A partida de logo mais às 21h30, raposeiros e tricolores voltam a ficar frente a frente neste duelo que, apesar de ser visto por muitos como um verdadeiro “Davi contra Golias”, o time da casa ostenta o orgulho de nunca ter perdido para os visitantes, uma vez que, até o momento, as equipes empataram nas duas oportunidades em que se cruzaram.
Nas próximas linhas o torcedor paraibano fará uma verdadeira viagem no tempo rumo às décadas de 70 e 80, quando o Campinense e os demais times da Paraíba participavam recorrentemente das competições de elite do futebol brasileiro.
Lá e cá em 75
A década de 70 foi, sem dúvidas, uma das mais marcantes da história do Campinense. A equipe, formada majoritariamente por atletas revelados pelo próprio clube, vinha de um tetracampeonato estadual e de um vice-campeonato no Nacional de Clubes da Segunda Divisão, a atual Série B do Brasileirão, em 1972. O segundo lugar naquela competição nacional, abaixo do campeão Sampaio Corrêa, daria à Raposa a possibilidade de fazer a sua estreia na elite do futebol nacional já em 1973, o que não aconteceu pelo fato de a Paraíba não ter, à época, um estádio que atendesse a todas as recomendações da Confederação Brasileira de Desportos (atual CBF) para a disputa dos jogos.
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A situação foi, enfim, resolvida em 1975, quando o então governador Ernani Sátiro entregou à população de Campina Grande o Estádio Amigão, com capacidade, à época, para mais de 40 mil torcedores — o dobro dos atuais 20 mil. Com isso, naquele ano, o Campinense tinha todos os ingredientes necessários para ser o primeiro time paraibano a disputar a Copa Brasil, atual primeira divisão do Campeonato Brasileiro.
A partida contra o São Paulo aconteceu no dia 27 de agosto de 1975 e foi válida pela segunda rodada da competição. O Campinense, por ter estreado com uma derrota por 2 a 0 para o CSA, em casa, queria buscar a reabilitação contra o já gigante Tricolor paulista, que 10 dias antes, regido por Serginho Chulapa, Waldir Peres e Muricy Ramalho, havia conquistado o seu 11º título paulista, batendo a Portuguesa, nos pênaltis, na decisão.
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De acordo com a súmula da partida, estiveram presentes ao Estádio Amigão naquela noite de quarta-feira mais de 14 mil torcedores, que viram o Campinense abrir o placar com gol do zagueiro Dão, logo aos 13 minutos de jogo. Favorito, o São Paulo buscou se impor na partida e chegou ao empate aos 43 minutos do primeiro tempo, com o artilheiro Serginho Chulapa. Nos 45 minutos finais, foi a vez de o time do Morumbi ficar à frente no marcador e virar o jogo com gol de Terto, aos 22 minutos. A Raposa, no entanto, foi buscar o empate no apagar das luzes, quando Ageu, aos 40, estufou as redes de Waldir Peres e deixou tudo igual em Campina Grande.
Apesar do bom resultado diante dos paulistas, o Campinense não terminaria o campeonato com uma boa campanha, uma vez que foi o lanterna da competição, que contava com 42 clubes participantes divididos em quatro grupos — sendo os grupos A e B com 10 times, e C e D com 11 —, com apenas quatro pontos conquistados em 16 jogos disputados. O Tricolor, por sua vez, seguiu vivo no certame até a terceira fase, quando não conseguiu classificar-se para as semifinais, terminando em quinto lugar na classificação geral e adiando o sonho do inédito título brasileiro para 1977, quando, com a base do elenco de 75, bateu o Atlético-MG na grande final.
/s.glbimg.com/es/ge/f/original/2014/01/18/1975_paulista_crop_galeria.jpg "Campinense enfrentará o São Paulo pela 3ª vez na história e tentará manter invencibilidade contra o Tricolor")
Placar inalterado em 81
Pela primeira vez a CBF adotou como critério de acesso à Taça de Ouro (como foi denominado o Brasileirão daquele ano) os resultados dos campeonatos estaduais do ano anterior. Portanto, participaram do Campeonato Brasileiro de 1981 os seis primeiros colocados do Campeonato Paulista; os cinco primeiros do Campeonato Carioca; o campeão e o vice dos estaduais de Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Paraná, Bahia, Pernambuco, Ceará e Goiás; e apenas os campeões dos outros 13 estados, onde se encaixava o Campinense, que havia sido o campeão paraibano de 1980.
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Após as vitoriosas décadas de 60, com o hexacampeonato paraibano, e de 70, com o tetra estadual e o vice da Série B do Brasileiro, o Campinense entrou na década de 80 com grandes expectativas, que não viriam a ser concretizadas. Após o título estadual de 80, a Raposa amargou o vice-campeonato paraibano por quatro anos seguidos (1981,1982,1983 e 1984) e, mesmo com boas equipes — a exemplo de 82 e 83, em que marcou, em cada temporada, mais de 100 gols no Paraibano —, o time do Alto da Bela Vista viveu um jejum de uma década sem títulos, que só viria a ser finalizado com a conquista do estadual de 1991.
O São Paulo, por sua vez, após o título brasileiro de 77, se colocava como uma das maiores potências futebolísticas do país. Brigando pelo título nos anos seguintes, o Tricolor apostou na joia uruguaia Darío Pereira, que viria a se tornar um ídolo no clube, onde, em 11 anos, foi bicampeão brasileiro e tricampeão paulista. Em 1981, a equipe, comandada pelo técnico Carlos Alberto Silva, entrava no campeonato como uma das grandes favoritas ao título.
Seis anos após o primeiro confronto, o Estádio Amigão foi novamente palco de um duelo entre Campinense e São Paulo. No dia 7 de fevereiro de 1981, numa tarde de sábado, rubro-negros e tricolores ficaram frente a frente para o delírio de 16.710 torcedores, que viram as equipes se anularem e, no decorrer dos 90 minutos, não alterarem o placar em Campina Grande.
Os caminhos das equipes, mais uma vez, seriam bem diferentes no decorrer da competição. O Campinense sequer classificou-se para a segunda fase, ocupando a vice-lanterna da chave, com seis pontos conquistados em nove jogos. O São Paulo, por outro lado, confirmou o favoritismo e chegou até a grande final, quando, em pleno Morumbi, caiu diante do Grêmio de De León e Baltazar, grandes campeões daquela temporada.
Novo capítulo em 2022
Quando a bola rolar na noite desta quinta-feira, mais uma vez no Amigão, será a primeira vez em que as equipes se enfrentarão nos últimos 41 anos. O Campinense chega à competição como atual campeão paraibano e vice-campeão da Série D do Brasileirão na última temporada. Em 2022, no entanto, a equipe apresenta algumas inconsistências, uma vez que, em oito partidas disputadas — pelo estadual e pela Copa do Nordeste —, acumulou apenas três vitórias, sendo uma delas por WO, contra o Nacional de Patos, pela primeira rodada do Paraibano.
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Quem chega a Campina Grande como atual campeão de seu estado é o São Paulo, que viveu um 2021 de altos e baixos e iniciou 2022 da mesma forma. A equipe do técnico Rogério Ceni começou o ano mostrando um futebol abaixo da média, inclusive com o pior início no Campeonato Paulista desde 1960, quando, nas primeiras três rodadas da atual edição do estadual, conquistou apenas um ponto. O Tricolor, no entanto, aparenta estar voltando aos trilhos, uma vez que venceu três dos últimos quatro jogos, o último, inclusive, por 3 a 0, sobre o Santos, em plena Vila Belmiro.
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A bola rolará para Campinense x São Paulo às 21h30 desta quinta-feira e terá transmissão do Sportv, do ge e da Rádio CBN. De acordo com o regulamento da Copa do Brasil, o empate favorece a equipe visitante; logo, para avançar à segunda fase, a Raposa precisa vencer no decorrer dos 90 minutos, enquanto o Tricolor só precisa da igualdade no placar.
