PF investiga lista suspeita e malote com R$ 38 mil de comitê de Ricardo

Para delegado, não há comprovação de origem dos R$ 38 mil apreendidos e investiga uma lista. Coligação alega que valor estava acumulado devido à greve dos bancários.

Karoline Zilah

O delegado Derly Brasileiro declarou que a Polícia Federal encontrou indícios de irregularidades nos malotes contendo R$ 38 mil, que foram apreendidos nesta sexta-feira (1) no comitê financeiro da coligação Uma Nova Paraíba, que representa a campanha de Ricardo Coutinho (PSB) a governador. O coordenador jurídico Ricardo Sérvulo explicou que o valor estava sendo guardado na casa no Cabo Branco, em João Pessoa, devido à greve dos bancários, e que seria destino a pagamento de gastos de campanha.

Contudo, segundo a Polícia Federal, o dinheiro foi recolhido porque não havia documentos comprovando sua origem e sua destinação. Do local também foi levada uma lista contendo nomes de pessoas. O documento foi considerado suspeito, e por isso também será encaminhado à Justiça Eleitoral. A apreensão foi feita em cumprimento a um mandado expedido pelo juiz Marcos Jatobá Filho, da 64ª Zona Eleitoral, na Capital.

A operação teve início ainda pela manhã, mas somente às 14h os agentes da PF deixaram a casa, situada na rua Maria Loureiro de Franca. Sobre a origem das denúncias, o delegado ainda informou que recebeu várias informações na quinta-feira (30) de que estariam acontecendo irregularidades numa casa em Cabo Branco. Os denunciantes não teriam revelado que se tratava de uma casa pertencente à coligação de Ricardo, até porque não havia identificação de comitê, partido ou candidato na parte externa.

PF investiga lista suspeita e malote com R$ 38 mil de comitê de Ricardo

Outro ponto que levanta suspeitas de irregularidade, de acordo com o delegado, é o fato de não haver documentação que comprove que aquela casa era o comitê financeiro da campanha de Ricardo Coutinho. O imóvel, que é descaracterizado, não estaria cadastrado oficialmente. Nos documentos que teriam sido apresentados pelos representantes da coligação, constaria outro endereço.

Uma outra operação sigilosa da Polícia Federal está em andamento nesta tarde. As equipes saíram em diligências sem informar o alvo de fiscalização. A Justiça Eleitoral seguiu para outro escritório financeiro de Ricardo Coutinho, desta vez na avenida Minas Gerais, no Bairro dos Estados (na foto abaixo).

PF investiga lista suspeita e malote com R$ 38 mil de comitê de RicardoFrente às críticas de que o órgão deveria fiscalizar também o comitê de José Maranhão (PMDB), candidato à reeleição, o delegado esclareceu que o dever da PF é apenas de cumprir a determinação. Segundo ele, a partir da agora está nas mãos da Justiça Eleitoral a análise do caso e a decisão se o dinheiro é irregular ou não.

A coordenação jurídica da coligação Uma Nova Paraíba anunciou que vai solicitar à PF uma inspeção também no comitê financeiro da coligação Paraíba Unida, que tem José Maranhão (PMDB) como candidato à reeleição. Os advogados solicitam que a PF haja com isonomia entre todos os candidatos.

Coligação Paraíba Unida solicita informações à PF

A Coordenação Jurídica da Coligação Paraíba Unida informou que solicitará ainda nesta sexta-feira (1º) à Polícia Federal a documentação e informações relacionadas ao material apreendido no Comitê Financeiro de campanha do candidato ao governo do Estado, Ricardo Coutinho (PSB), em João Pessoa.

O advogado da Coligação, Fábio Brito, disse que a apreensão feita nesta sexta-feira se configura em um indício do chamado ‘Caixa 2’. A partir dessas informações, informou Fábio Brito, a Coligação Paraíba Unida impetrará uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) junto ao Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba para que seja investigada a existência de um suposto esquema de ‘Caixa 2’ na campanha de Ricardo Coutinho.

Fábio Brito lembrou que a apreensão de dinheiro pela Polícia Federal, na véspera da eleição, se assemelha ao Caso Concorde, quando foram apreendidos quase R$ 400 mil. O dinheiro foi jogado do Edifício Concorde, localizado na Avenida Epitácio Pessoa (JP), às vésperas do segundo turno das eleições de 2006. A acusação é de que o dinheiro seria usado na campanha do ex-governador Cássio Cunha Lima (PSDB). O caso ainda está sendo julgado pela Justiça.

Atualizada às 19h02