‘Não conte a Ninguém’: série sobre chacina de Pioz estreia na HBO Max

Série espanhola tinha sido comprada pela HBO Max em junho desse ano e estreia nesta terça (12).

Marvin (à esquerda) trocou mensagens com Patrick (à direita), enquanto o segundo matava a família paraibana em Pioz, na Espanha

A série documentário “Não Conte a Ninguém” que reconta o assassinato de quatro paraibanos na Espanha, em setembro de 2016, crime conhecido como a Chacina de Pioz, estreou nesta terça-feira (12), na HBO Max. 

A série espanhola conta com cinco episódios, com mais de 40 minutos de duração, que resgatam a história de uma família brasileira que é encontrada morta num povoado espanhol e um grupo de jovens no Brasil enfrenta a incerteza de falar o que sabe.

A produção utilizou imagens da imprensa e entrevistas exclusivas com o jovem absolvido do crime, amigos dele e do acusado, familiares e advogados do caso.

Compra pela HBO Max

A obra espanhola foi exibida originalmente na plataforma Atresplayer e comprada pela HBO Max. Segundo o portal espanhol Cultura en Serie, essa compra permitiu que o documentário seja exibido no Brasil.

O documentário sobre a Chacina de Pioz contou com equipe de produção na Espanha e Brasil, formada por Raquel Hernández Morán, Patrícia Zaidan e Paula López Barba. A série foi dirigida por Juan Carlos Arroyo, com produção executiva de Luz Aldama e Teresa Latorre.

No se lo digas a nadie
Série sobre a Chacina de Pioz, ‘No se lo digas a nadie’

O crime

Os quatro paraibanos vítimas do crime foram encontrados em setembro de 2016, um mês após o assassinato. As mortes foram descobertas após vizinhos sentirem um forte odor saindo da residência. Os corpos estavam em sacolas, dentro da casa alugada pela família. As vítimas eram Marcos Nogueira, sua esposa Janaína Américo e duas crianças de um e quatro anos. 

A família era de João Pessoa e foi morar na Espanha por causa de uma oportunidade de emprego que Marcos conseguiu. No Brasil, a família não desconfiou da morte porque era comum que eles passassem algum tempo sem dar notícias.

Com as investigações, a Guarda Civil espanhola apontou François Patrick Nogueira Gouveia, sobrinho de Marcos Nogueira, como o único suspeito do crime, após encontrar material genético dele no local dos assassinatos. 

Na Paraíba, a Polícia Civil anunciou a prisão de um segundo suspeito de envolvimento nas mortes. O Ministério Público pediu a prisão preventiva de Marvin Henriques Correia, que na época tinha 18 anos, após ele trocar mensagens com o acusado durante a execução do crime e ter “incentivado” Patrick a matar Marcos, horas depois de já ter assassinado Janaína Américo e seus dois primos, além de “dar dicas de como esconder os corpos”. 

Processo contra Marvin continua

O documentário exibiu o depoimento de Marvin Henriques Correia, absolvido da acusação de ser partícipe da chacina de Pioz em 2021, após a Justiça entender que ele não participou do homicídio e não violou nenhuma legislação do Código Penal Brasileiro.

Porém, após a finalização do documentário, a Justiça da Paraíba reabriu, após quase dois anos, o processo contra Marvin. A nova decisão foi tomada em fevereiro de 2023, após pedido do Ministério Público da Paraíba.

Hoje, Marvin possui um canal no Youtube e afirma que não quer ser associado ao crime. 

Eu mudei muito desde que o fato aconteceu. Quanto ao Patrick, eu lamento que tenha acontecido assim. Eu não gosto de saber da vida dele, é uma pessoa que eu gostaria de deixar no passado. […] Acredito que paguei uma boa dose de sofrimento e que fui bem punido em relação ao meu erro. Meu passado não pode ser uma sentença eterna, o passado para mim é mais uma lição”, contou o jovem.

Mensagens Marvin Patrick chacina de pioz
Patrick e Marvin trocaram mensagens pelo WhatsApp durante o crime.

Condenado à prisão perpétua

Já Patrick foi condenado a três penas de prisão perpétua por ter matado o tio e primos. O acusado também foi condenado a uma quarta pena, de 25 anos de prisão, pelo assassinato da esposa do tio. O Supremo Tribunal da Espanha manteve a condenação e reuniu as penas em uma só condenação.

A prisão perpétua é a punição mais grave existente na Espanha. No caso, a pena ainda pode ser revista a cada 25 anos. Além desta decisão, o condenado também deve pagar uma indenização de 411.915 euros para a família das vítimas e para o proprietário da casa onde o crime aconteceu.