Paraíba tem cemitério para bichos de estimação

Espaço funciona em Jacumã, no município do Conde. Funeral custa R$ 80 e inclui outro serviços

“Ela foi a minha melhor amiga, a mais pura, leal e verdadeira.Deixou uma saudade que não tem fim”. A frase, cercada por carinho, é da turismóloga Roberta Diniz que ainda se emociona ao falar da convivência de 13 anos com “Salsicha”, uma cadela de estimação da raça Dachshund, que era tratada como membro da família. Quando morreu, há um ano, deixou um vazio na casa e uma preocupação para a dona: o que fazer com o corpo da pequena cadelinha?

A resposta veio de uma cunhada, que conhecia um cemitério particular. “Não pensei duas vezes. Fiz questão de dar um sepultamento digno à minha cachorrinha, que teve direito até a lápide, porque ela me deu muitas alegrias, quando estava viva”, lembra Roberta.

A turismóloga se tornou um dos primeiros clientes do cemitério exclusivo para animais, criado pelo empresário Leonardo Mesquita. A ideia surgiu após ele perceber que, em João Pessoa, não havia um espaço dedicado para o sepultamento digno dos bichos de estimação. Por conta disso, alguns proprietários abandonam nas ruas os restos mortais de seus animais.

“Muita gente joga no lixo os corpos dos cães e gatos. O principal motivo disso é que hoje todo mundo mora em apartamento e não tem espaço disponível para enterrar seus bichos. Acabam jogando fora, como se fossem lixo”, explica Leonardo.

O cemitério funcionava no Altiplano, em João Pessoa. Este ano, foi transferido para Jacumã, a 20 quilômetros da Capital Paraibana. Em um terreno com mais de mil metros quadrados, com capacidade para enterrar mais de mil animais de diferentes espécies e tamanhos. O funeral custa R$ 80 e inclui o espaço físico do sepultamento e o transporte do corpo. Quem preferir ainda pode contratar serviços de confecção de lápides com a foto e nome dos animais.

“O corpo fica enterrado no local por tempo indeterminado. Mas se o dono quiser, faço um contrato de manutenção. Pagando R$ 40,00 uma vez por ano, eu me comprometo a manter o local onde o bichinho está enterrado sempre limpo”, declarou.

O empresário criou o cemitério para suprir uma necessidade dos grandes centros urbanos: falta terreno para enterrar animais mortos. Numa cidade, onde aumenta diariamente a quantidade de edifícios e condomínios horizontais, espaço em quintais e jardins estão sendo suprimidos.

Por isso, muitas pessoas optam por colocar os corpos dos bichinhos de estimação em terrenos baldios ou em vias públicas.

No entanto, essa atitude pode ocasionar sérias doenças. O alerta é do veterinário e chefe do Setor de Captura e Vacinação do Centro de Zoonoses de João Pessoa, Felipe Sobral. Ele explica que os cadáveres, principalmente de cachorros, podem transmitir microorganismos ao homem que causam lepstopirose.

“As pessoas pensam que a leptospirose é transmitida apenas através da urina do rato. Mas ela pode passar ao homem também por meio de cachorro morto. A bactéria fica na pele do animal, mesmo após a morte dele, e contamina o meio ambiente e as pessoas”, explicou.

O botulismo, uma grave infecção alimentar, é outro problema de saúde que pode ocorrer com os corpos de animais expostos nas ruas. A doença também é causada por bactérias que migram do cadáver para o solo e podem contaminar os alimentos. As toxinas botulínicas causam dores musculares e, em casos mais extremos, causam a morte por parada respiratória.

“Por esses motivos, não é recomendável que as pessoas coloquem os corpos de animais nas ruas. O recomendável é enterrar ou buscar os serviços que fazem isso”, afirmou o veterinário.