Paraibanos sofrem com furacão Sandy nos Estados Unidos

Ventos que atingiram 15 cidades causam mortes. Paraibanos relatam estragos.

Paraibanos que estão nos Estados Unidos (EUA) relataram os momentos de desespero e destruição causados pelo furacão ‘Sandy’, que se transformou em ciclone e atingiu, pelo menos, 15 cidades americanas, entre a noite de segunda-feira e madrugada de ontem. Até o fechamento desta edição, 39 mortes já haviam sido confirmadas. Nenhum órgão oficial informou se houve óbitos entre paraibanos.

As localidades mais devastadas foram Nova York, Manhattan e Nova Jersey. Segundo os sobreviventes, o furacão chegou à costa americana por volta das 19h da última segunda-feira e causou estragos intensos até a madrugada de ontem.

Nove horas após a passagem do ‘Sandy’, a cidade de Nova York ainda permanecia alagada, com chuvas fortes, sem energia elétrica e com ventos que chegavam a 180 quilômetros por hora.

Até parte da estátua da Liberdade, considerada o mais importante monumento americano, estava embaixo de água. Moradores também ficaram presos em casa, dentro de porões, como relatou o fotógrafo pessoense Clodoaldo Costa, 31 anos. Ele mora em Orlando, na Flórida, há 13 anos, mas estava ontem em Nova York, com a esposa e dois filhos, passando férias, e falou por telefone com o JORNAL DA PARAÍBA.

Ele contou que se hospedou em um hotel de 21 andares e todos os hóspedes foram obrigados a descer para o térreo, minutos antes da chegada do furacão. “O pior mesmo foi entre as 19h de segunda e 2h de ontem. Teve muita destruição e desespero. E eu fiquei muito assustado. As janelas dos apartamentos começaram a tremer e os funcionários chegaram dizendo que a gente tinha que descer para a área térrea do hotel”, lembra Clodoaldo.

O ‘Sandy’ se formou no oceano e migrou em direção à costa.

Quando chegou em solo americano, deixou de ser um furacão e se tornou um ciclone pós tropical, conforme classificação feita pelo Centro Nacional de Furacões dos EUA. Isso ocorreu porque o ciclone não era mais impulsionado por temperaturas quentes, como ocorreu no oceano. Apesar disso, ainda representava uma ameaça para a segurança da população, como explicou a doutora em Recursos Naturais e meteorologista da Agência Executiva de Gestão das Águas da Paraíba (Aesa), Marlei Bandeira.

Nas cidades atingidas, os ventos ficaram fortes e as ruas rapidamente alagadas. “Todo mundo do hotel ficou preso numa área térrea do prédio e não podemos sair até a manhã de hoje.

Ainda está faltando energia e apenas a internet está funcionando”, disse Clodoado, ontem, por volta das 9h, por telefone.

“Todas as áreas atingidas precisaram ser evacuadas. Alguns prédios perderam a fachada e as janelas. Há muitas placas no chão e árvores que foram arrancadas pela raíz. Ainda é uma confusão grande. Ninguém sabe direito o que está acontecendo.

Meus pais moram em João Pessoa e sei que estão preocupados. Mas quero tranquilizá-los, porque eu e minha família estamos bem”, afirmou o fotógrafo.

A assistente social Ana Lúcia Medeiros mora em João Pessoa há 28 anos, mas está, há 15 dias, passeando em uma ilha Cap Cod, na cidade de Hyannes, nos Estados Unidos. A área também foi atingida pelo ‘Sandy’. Na casa onde Ana está hospedada, existem mais duas pessoas paraibanas.

“Não imaginava passar por isso. Agora está um pouco melhor, mas ontem ficamos todos assustados em casa. Teve muito vento o dia todo. Chuva na parte da tarde e falta de energia elétrica”, relatou.

“Ontem, o comércio foi fechado. Ficamos recebendo contatos telefônicos de emergência, avisando para ficarmos em casa.

Preparamos o porão com bastante água e comida, mas graças a Deus não usamos até agora”, completou a assistente social.

Por conta do ciclone, houve cancelamentos de voos, suspensão de aulas em escolas e universidades e as lojas do comércio permaneceram com as portas fechadas ontem. Os transportes pararam na segunda-feira e não circularam ontem. Linhas de metrô e garagem de ônibus foram danificadas pelo ciclone.

Ainda não há previsão de quando esses serviços serão normalizados. “Meu voo seria para amanhã, mas está cancelado. Iria sair de Boston para Nova York e Rio de Janeiro”, disse Ana Lúcia.

Pela rede social, a ex-secretária de Planejamento de João Pessoa, Estelizabel Bezerra, informou que está na cidade de Arlington, no Estado da Virgínia, e não tem previsão de retornar à Paraíba, por causa do furacão. “A volta que seria amanhã (hoje) está em suspensa. Aeroportos fechados. Falta energia. Em Nova York, a situação é mais preocupante. Tem um certo nervosismo no ar. Pessoas com semblante tenso e ritmo ainda mais acelerado”, escreveu Estela pelo Twitter.