Projeto da UFPB resgata memória da arquitetura da capital paraibana

Objetivo do Memória João Pessoa é dar informações confiáveis sobre o patrimônio histórico e arquitetônico de João Pessoa.

Durante uma semana o JORNAL DA PARAÍBA publicou uma série de reportagens em homenagem ao aniversário de 430 anos de João Pessoa. A série termina, mas o cuidado com a cidade deve ser contínuo. Embora muitos achem que não têm responsabilidade em preservar a capital, algumas iniciativas são plausíveis. Um dos exemplos é o projeto Memória João Pessoa, criado pela Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

Segundo o professor Ivan Cavalcanti, um dos envolvidos no projeto, o principal objetivo do Memória João Pessoa é dar informações confiáveis sobre o patrimônio histórico e arquitetônico de João Pessoa. Além disso, o projeto visa conscientizar a população sobre a importância de preservar a cidade como um todo. “Indiretamente, o projeto é um serviço que a UFPB presta à comunidade”, declarou. O Memória João Pessoa conta com professores e alunos do curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo da UFPB.

Cavalcanti explicou que, como está ligado à extensão universitária, o projeto tem o sentido de levar o conhecimento produzido na universidade para fora da instituição. Dessa forma, várias oficinas são realizadas em escolas de ensino fundamental e médio, tanto na rede pública como na privada. “São jogos, brincadeiras, ou palestras, todas articuladas de modo a interagir com os alunos, mas sempre produzindo conhecimento sobre o acervo histórico, sobre a memória da cidade e, principalmente, sobre o patrimônio arquitetônico”, afirmou o professor.

O projeto, quando vai à escola, tem o objetivo claro de sensibilizar os educadores sobre a necessidade de se estabelecer nos educandários aquilo que, nas sociedades desenvolvidas se chama educação patrimonial. “Em Roma, por exemplo, as crianças já aprendem na escola que o Coliseu é importante, e não pode ser demolido porque é antigo. Pelo contrário, ele deve ser preservado, pois é um símbolo da memória do cidadão”, declarou.

Diante disso, os alunos aprendem que o patrimônio histórico de João Pessoa deve ser preservado, a exemplo da Igreja de São Francisco, que tem influência barroca; da Igreja de Nossa Senhora do Carmo; da Igreja da Misericórdia; dos prédios do Centro Histórico; da Lagoa do Parque Solon de Lucena; dos casarões antigos; dentre outros.

SITE PERMITE INTERAÇÃO 
Na internet, o projeto está disponível para acesso no site www.memoriajoaopessoa.com.br, através do qual é possível conhecer curiosidades sobre determinados pontos de João Pessoa e ver fotografias da cidade antiga. De acordo com o professor Ivan Cavalcanti, a coleta de fotografias tem sido uma constante, que inclusive pode ser alimentada pela própria comunidade. “A maior parte das imagens foi obtida a partir do acervo Leonardo Stuckert, que registrava a cidade no século passado, inclusive produzindo cartões-postais”, explicou. O arquivo conta ainda com fotos de outros profissionais.

O professor explicou ainda que a participação dos alunos do curso de arquitetura e urbanismo tem enriquecido o projeto. Segundo Cavalcanti, a cada ano, quando o projeto é renovado, os estudantes apresentam novas ideias para torná-lo mais atrativo e interativo. “Hoje o internauta dispõe do jogo dos ‘Sete erros’, de uma seção de postais, onde pode enviar a foto antiga da cidade para um amigo (como nos velhos tempos), etc”.

A tendência, portanto, é sempre inovar. O professor disse que atualmente o projeto está trabalhando as vivências sociais, para informar sobre determinadas práticas que por muito tempo foram comuns na capital, como os vendedores de pão e leite que passavam nas portas das casas e os fotógrafos ‘lambe-lambe’.