Sem restauração, Museu da Cidade de João Pessoa não sai do papel

Casarão que deveria abrigar museu permanece fechado, sem restauração. Governo executou apenas 39% das obras

Um espaço que abrigaria um acervo com objetos, pinturas e documentos referentes à história do município de João Pessoa. Esta era a proposta do governo do Estado, anunciada em 2005, para instalar o Museu da Cidade – Império e República, na antiga casa onde morou o ex-presidente João Pessoa, localizada no bairro de Tambiá, na capital. Dez anos já se passaram e o sobrado, erguido na década de 1920, permanece abandonado e sucateado pelo tempo.

A deterioração na casa de número 92 é visível já na entrada, onde os portões e grades das janelas estão enferrujadas. Na parte superior do imóvel, pedaços de madeira estão soltos e a vegetação cresce em algumas paredes da casa. “Faz 10 anos que eu trabalho aqui e a cada ano que passa essa casa fica mais acabada. É uma pena ver uma casa tão linda abandonada e sem utilidade”, lamentou o comerciante Paulo Silva.

Se tivesse sido instalado, o Museu da Cidade seria um espaço aos turistas e visitantes da capital e também a estudantes como Cristina Pereira, que não sabia que o imóvel foi morada do ex-presidente João Pessoa, em 1929. “Passo aqui para ir à escola todos os dias, mas não sabia disso. Com certeza seria importante ter um local assim para as aulas”, disse a jovem.

Em reportagem publicada no JORNAL DA PARAÍBA em setembro de 2012, o Ministério do Turismo (MTur) informou à época que existia um contrato de repasse ao governo do Estado para a obra de revitalização do casarão e instalação do museu no valor de R$ 700 mil e 39,7% deste valor teria sido liberado naquele ano para a Secretaria Estadual de Turismo (Setur). Além da verba do governo federal, o projeto contava ainda com uma contrapartida de R$ 204.848,35 da pasta, totalizando um orçamento de R$ 904.848,35.

Segundo informações do Mtur, o contrato firmado entre o governo federal e a Setur foi cancelado em 2014 porque a obra não foi concluída. Ainda conforme a assessoria do ministério, o governo do Estado teria executado apenas 39% da obra de revitalização do imóvel para a instalação do museu e dos R$ 700 mil, teriam sido gastos R$ 152.500 referentes a esse percentual. Informou ainda que a totalidade dos recursos do contrato de repasse devidamente corrigidos, no valor de R$1.267.124,44, foi devolvida em 17/11/2014.

A diretora-executiva do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico da Paraíba (Iphaep), Cassandra Figueiredo, informou que as primeiras reuniões para tratar sobre o projeto do Museu da Cidade começaram em 2003. Segundo ela, a elaboração da proposta ficou sob a responsabilidade da Secretaria de Turismo. “A participação do Iphaep diz respeito à análise do projeto quando de sua conclusão, tendo em vista que o prédio é tombado”, esclareceu.

A reportagem do JORNAL DA PARAÍBA tentou contato telefônico com a Secretaria de Turismo, mas até o fechamento desta edição o secretário da pasta, Laplace Guedes, não foi localizado.

Saiba mais

O casarão onde residiu João Pessoa foi construído na década de 1920 no estilo Art Nouveau. O imóvel possui valor histórico por ter abrigado o presidente paraibano e foi tombado pelo Iphaep em agosto de 1980. No ano de anúncio do projeto, em 2006, a comissão de especialistas contratada para a organização do acervo que preencheria o espaço mapeou mais de 20 mil peças históricas, entre fotografias, manuscritos, objetos e pinturas, além de itens pessoais do ex-presidente João Pessoa.