Saúde da PB investiga oito casos da Síndrome de Guillain-Barré

Síndrome que ataca o sistema nervoso e causa fraqueza muscular pode estar relacionada à zika. Registro da doença no país cresceu 19%.

Há cerca de duas semanas, o pedreiro João Batista, de 45 anos, que mora na cidade de Sumé, Cariri Paraibano, apresentou um quadro de fortes dores articulares e dificuldade pra andar, sintomas da febre chicungunya, uma das viroses transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. Com o passar do tempo, a situação de João Batista piorou, em menos de oito dias ele ficou sem mexer os membros do corpo e hoje está internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital de Trauma de Campina Grande. Diagnosticado com a Guillain-Barré (SGB), ele respira com a ajuda de aparelhos e segue em tratamento para recuperar os movimentos.

Assim como João Batista, outro rapaz, de 19 anos, está há vários meses internado na UTI do Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW), em João Pessoa, também com diagnóstico da síndrome, que começou a ganhar repercussão fora dos consultórios médicos depois que uma pesquisa indicou que ela pode estar associada ao vírus da zika, apontado também como responsável pela epidemia de microcefalia no país e também transmitido pelo mosquito Aedes aegypti.

Na semana passada, a Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que o registro da doença no país cresceu 19% entre janeiro e novembro de 2015 em relação a anos anteriores. Já na Paraíba, conforme o último boletim divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde, de julho do ano passado até o momento, foram informados pelos serviços hospitalares 24 casos suspeitos da síndrome, 16 desses casos foram descartados e oito estão em investigação por suspeita de ter correlação com o zika vírus. No caso de João Batista, a sorologia para a doença ainda não foi confirmada, o hospital aguarda o resultado de exames.

A Gerente Executiva de Vigilância em Saúde, Renata Nóbrega, não informou a naturalidade dos demais pacientes diagnosticados com a síndrome de Guillain-Barré, nem o local de tratamento referenciado para quem apresentar os sintomas da doença. Conforme a neurologista Cláudia Ferreira, que acompanha o quadro de saúde de João Batista no Trauma de Campina Grande, os sintomas da síndrome tendem a se agravar de forma rápida. “Ele chegou na última segunda-feira com um quadro de paralisia e fraqueza na face, e apresentava os sintomas clínicos da síndrome. Quando realizamos a análise do líquor – líquido retirado da medula espinhal – constatamos a patologia, que em poucas horas evoluiu para uma insuficiência respiratória e por isso ele está com ventilação mecânica”, explicou a médica.

Ainda segundo a neurologista, o sintoma preponderante da síndrome é a fraqueza muscular progressiva, acompanhada ou não de alterações da sensibilidade, como coceira, queimação e dormência. “A fraqueza se manifesta inicialmente nas pernas e atinge outras áreas do corpo de forma ascendente. Com a evolução, a fraqueza pode atingir o tronco, braços, pescoço, os músculos da face, e, em casos graves, afetar o sistema respiratório e a deglutição, que é o caso de João Batista”, esclarece Cláudia.

A médica informou que o paciente só precisa permanecer internado se apresentar quadro grave. “Fora de perigo, podemos dar alta médica e ele será acompanhado por uma equipe multidisciplinar até que recupere os movimentos.” O tratamento mais comum é feito com imunoglobulina, uma substância de alto custo que bloqueia a resposta excessiva do corpo ao processo inflamatório.

Devido ao custo do tratamento, o Ministério da Saúde  já reconheceu a possibilidade de iniciar o tratamento sem a ‘obrigatoriedade da realização de estudo neurofisiológico’, enquanto dure a situação epidêmica que o Brasil ora vive.