Redução do trabalho infantil não condiz com realidade, diz secretária

Segundo ela, mudanças na metodologia gerou divergência na avaliação dos dados.

Arquivo Agência Brasil
Redução do trabalho infantil não condiz com realidade, diz secretária
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A segunda secretária do Fórum Estadual de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção ao Trabalhador Adolescente da Paraíba (Fepeti) e técnica em Assistência Social, Maria Senharinha, revelou nesta quinta-feira (30) que a redução do trabalho infantil apontada pela última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) não condiz com a realidade.

De acordo com a pesquisa, a condição do trabalho infantil afetou 1.835 milhões de crianças em todo país durante o ano de 2016, reduzindo em cerca de 31% [836 mil casos] comparado ao ano de 2015, quando foi registrado 2.671 milhões de crianças em situação de trabalho. A pesquisa tem como base a faixa etária de 5 a 17 anos. “Houve uma mudança na metodologia da pesquisa, a coleta de dados não considerou as situações de ‘produção para o próprio consumo’ e a ‘construção para próprio uso’, que se caracterizam pelas atividades de cuidadores babás e afazeres domésticos”, ressaltou Maria Senharinha.

A pesquisa do Pnad foi publicada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (29). Os números da pesquisa referem-se a situação do trabalho infantil em  todo país.  “Essa modificação interfere diretamente na leitura do cenário e preocupa porque esconde a realidade da situação. Na pesquisa de 2015, os dados considerando as classificações retiradas pelo levantamento atual, indicavam a existência de 716 mil crianças inseridas em situações de trabalho infantil, o que foi desconsiderado pelo método aplicado”, disse.

Maria Senharinha disse ainda que os dados poderão comprometer o desenvolvimento das políticas públicas de redução ao trabalho infantil. “Essa leitura da pesquisa indicando uma redução além da realidade poderá comprometer o processo de combate ao trabalho infantil, porque vai interferir diretamente na aplicação dos investimentos. Esse contexto é preocupante e torna a situação ainda mais frágil”, explicou.

Em setembro deste ano, o presidente da Fepeti, Dimas Gomes, avaliou que o trabalho infantil na Paraíba afetou cerca de 80 mil crianças nos últimos dois anos.