Paraibano escapa de desabamento de prédio e sobrevive a tragédia no RJ

Porteiro acabou dormindo no trabalho com esposa e filha de 12 anos.

Foto: Bárbara Souza / CBN
Paraibano escapa de desabamento de prédio e sobrevive a tragédia no RJ
A lama salvou José Carlos Dantas de Souza e família de serem vítimas do desabamento no Rio. Foto: Bárbara Souza / CBN

O paraibano José Carlos Dantas de Souza e sua família estão na lista de moradores dos prédios que desabaram na comunidade da Muzema, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, na madrugada desta sexta-feira (11). Eles escaparam da tragédia porque resolveram não passar a noite em casa, devido à lama que tomou a região após o temporal do início da semana.

Conforme explicou à equipe da CBN, ele, a mulher e a filha de 12 anos não conseguiram chegar em casa nessa quinta-feira (10) e decidiram ficar no prédio onde o porteiro trabalha em Ipanema, na Zona Sul do Rio. “Quando minha esposa chegou ontem (quinta) à noite, ela me perguntou se a gente ia para casa. Então a gente lembrou de toda a lama nas ruas, e decidiu ficar lá em Ipanema. Quando o dia amanheceu, um colega me procurou para saber onde eu estava. Ele disse que meu prédio tinha caído. Perguntou onde estava minha família e eu disse que todo mundo estava comigo. Foi aí que ele me mandou a foto do prédio caído, e eu fiquei desesperado. Mas graças a Deus a gente não estava lá”, contou, aliviado, o porteiro.

José Carlos morava havia três meses na Muzema. Ele e a família são da Paraíba, mas estão no Rio há oito anos. Eles chegaram a morar na favela da Rocinha, mas decidiram sair de lá por causa da violência. Em busca de um lugar seguro, então, resolveram comprar um apartamento na Muzema.

O porteiro conta que, quando se mudou para o edifício na comunidade da Zona Oeste, o prédio ainda estava “no tijolo” e já havia 11 famílias morando no local. Segundo José Carlos, o edifício tinha sete andares. Pelo apartamento, ele pagou cerca de R$ 60 mil, mas ainda devia uma parte do dinheiro.

Perguntado pela repórter Bárbara Souza se conhecia os proprietários dos prédios que caíram, José Carlos disse apenas que sim, mas que nenhum deles apareceu até agora para dar assistência aos moradores.

Interditados

A tragédia aconteceu numa região conhecida pelo domínio da milícia. Segundo a prefeitura do Rio, os prédios que desabaram estavam irregulares e tinham sido interditados em novembro do ano passado. Na ocasião, os fiscais do município precisam do apoio da PM na operação por causa da presença de criminosos.

Até o fim da manhã desta sexta, duas mortes no desabamento estavam confirmadas, um homem e uma criança. Além disso, há registro de pelo menos 8 pessoas feridas. Destas, ao menos duas foram levadas de helicóptero para o hospital. Como a região é de difícil acesso, os bombeiros tiveram que fazer uma operação especial para tirar as vítimas sem pousar em nenhum lugar. Outros desaparecidos estão sendo procurados, mas não há balanço atualizado do número de pessoas.