Parlamentares preparam debandada dos partidos na Câmara de JP e na Assembleia

Desconforto e perseguição serão os argumentos usados por vereadores e deputados para a mudança de sigla.

Com a reforma política aprovada no ano passado, um novo troca-troca de partidos é esperado para o mês de março. Embora as articulações entre pré-candidatos e legendas sigam com força total neste recesso parlamentar, as definições só devem acontecer às vésperas do dia 2 de abril, quando encerra o prazo de filiação para quem quer disputar a eleição deste ano. Até porque a reforma ainda prevê a chamada “janela da infidelidade”, que permite a desfiliação, sem perda de mandato, nos 30 dias anteriores ao fim do prazo de filiação exigido para as candidaturas, ou seja, março de 2016. 

Por hora, vereadores e deputados adiam quanto podem a decisão de mudar ou não de partido. Na Câmara de João Pessoa, além daqueles que não escondem insatisfações e já dão sinais de que deixarão o partido, como o vereador Edson Cruz (PP), outros poderão ser levados a isso diante do direcionamento da sigla em 2016. É o caso dos vereadores Bosquinho (DEM) e Marco Antônio (PPS). O primeiro já disse que não deixa a base do prefeito Luciano Cartaxo (PSD), mas o DEM deverá apoiar a candidatura socialista (de João Azevedo), já que são aliados no âmbito estadual – o que o coloca numa situação, no mínimo, delicada. 

Já Marco Antônio, líder da bancada de situação na Câmara, é do mesmo partido do vice-prefeito Nonato Bandeira, contudo, correligionários de Bandeira e do prefeito Luciano Cartaxo (PSD) dão como certo o rompimento dos dois. Se as previsões se confirmarem, a situação de Marco Antônio na liderança da bancada se tornará insustentável. A saída alternativa para os dois vereadores, mas aí os partidos terão que concordar, é a dissidência. 

Em várias entrevistas concedidas no final do ano passado, Bosquinho admitiu que essa pode ser uma solução para o problema, mas depois que a direção estadual do DEM tirou o comando do diretório municipal das suas mãos, a ideia de mudança de partido se tornou ainda mais concreta. Já Marco Antônio vem adotando um discurso diplomático e tem preferido adiar a discussão. Ambos foram procurados por telefone para comentar o assunto, mas não atenderam as ligações.   

Mudanças à vista na Assembleia

Especula-se, também, que o PSD terá perdas de vereadores no iminente troca-troca. Isso porque o partido não teria força para reeleger tantos nomes. Depois que Cartaxo trocou o PT pelo PSD, a bancada do partido na Câmara saltou de um para quatro vereadores. Além de Raíssa Lacerda, estão no partido os ex-petistas Bira e Benilton Lucena, além de Marmuthe Cavalcante, que estava sem sigla. A mudança em outubro ocorreu justamente em razão do antigo prazo de filiação, que era de um ano antes da eleição. Como a presidente Dilma Rousseff ainda não havia sancionado as mudanças da reforma política, os três preferiram garantir legenda.

Agora, a pergunta que não cala nos bastidores é se o partido terá ou não condição de reeleger todos eles. O presidente estadual da legenda, deputado Rômulo Gouveia, acredita que sim. “Nós vamos disputar a eleição em uma composição. Não só temos condições de reeleger, mas de ampliar a bancada”, afirma Gouveia.
 
Na Assembleia, algumas mudanças também são esperadas até março. O deputado José Aldemir foi mais um a  abandonar o PEN e está sem partido. Recentemente, recebeu oferta do PP para disputar a Prefeitura de Cajazeiras. O federal Aguinaldo Ribeiro não só ofereceu a legenda, mas o convidou para comandar o PP na cidade. O deputado também foi sondado em 2015 pelo PSDB, mas prefere aguardar o fim dos prazos para anunciar a decisão. 
 
Outro deputado que estuda a saída do partido é Zé Paulo de Santa Rita (PCdoB). Especula-se que o deputado tenha recebido convite para disputar a Prefeitura de Santa Rita pelo PSB, mas ele não confirma. “A política é como uma nuvem passageira. Muito imprevisível”, disse.

Dança das cadeiras

Edson Cruz (PP)

Está de olho no movimento do partido que, apesar de integrar a base aliada de Cartaxo, atualmente, discute uma composição com o PSB

Bosquinho (DEM)

É um dos maiores defensores da gestão de Cartaxo, porém, o seu partido caminha para confirmar apoio à candidatura do candidato do PSB

Marco Antônio (PPS)

Líder do governo na Câmara Municipal, tem externado preocupação com a aproximação do seu partido com o PSB do governador Ricardo Coutinho

José Aldemir (sem partido)

Atualmente sem partido, após deixar o PEN, tem recebido sucessivos convites para filiação. Um destino provável é o PP de Aguinaldo Ribeiro. Ele quer disputar a prefeitura de Cajazeiras

Zé Paulo (PC do B)

O deputado estadual tem como projeto disputar a prefeitura de Santa Rita. Para isso, poderá migrar para o PSB do governador Ricardo Coutinho