Ministra do STF suspende ações de juízes contra jornalistas do Paraná

Magistrados entraram com mais de 40 ações contra jornalistas após série de reportagens falando sobre remuneração da categoria.

Por meio de uma liminar, a ministra Rosa Weber, do Superior Tribunal Federal (STF), suspendeu as 42 ações movidas por magistrados contra o jornal Gazeta do Povo e cinco jornalistas do veículo paranaense. Rosa reconsiderou, na quinta-feira (30), uma decisão anterior de sua autoria que permitia que os processos fossem julgados pela Justiça estadual.

As ações do grupo de juízes foram propostas depois que a ‘Gazeta’ publicou uma série de reportagens mostrando a remuneração paga pelo Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR) e pelo Ministério Público do Estado. O material apontou que os magistrados receberam, em média, mais de R$ 500 mil em 2015. Os dados foram retirados do Portal da Transparência do TJPR.

A liminar da ministra também suspende os efeitos de decisões já concedidas determinando o pagamento de indenizações por parte do jornal e dos jornalistas e que se houver novos processos eles serão automaticamente suspensos.

"Concedo a medida acauteladora para o fim suspender os efeitos da decisão reclamada, bem como o trâmite das ações de indenizações propostas em decorrência da matéria jornalística e coluna opinativa apontadas pelos reclamantes, até o julgamento do mérito desta reclamação", diz trecho da decisão da juíza.

Os juízes moveram ações em pelo menos 15 cidades contra o jornal e contra os cinco repórteres que assinavam os textos. Os pedidos de indenizações superam R$ 1,3 milhão.

Em nota, a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT) considerou acertada a decisão da ministra. A Associação dos Magistrados do Paraná (Amapar) considera que os juízes passaram a sofrer constrangimento e disse que não há tentativa de intimidação nem ação coordenada.