Advogados de réus admitem caixa dois

Embora tenha assumido o caixa dois, advogado João dos Santos Gomes Filho diz que Rocha não sabia se a origem do dinheiro era ilícita.

Advogados de réus do mensalão se concentraram em dizer, ontem, que seus clientes usaram recursos para pagar dívidas de campanha e tinham papel irrelevante na estrutura apontada pelo acusador, Roberto Gurgel. O defensor do ex-deputado Paulo Rocha (PT-PA) disse no Supremo Tribunal Federal que os R$ 620 mil que ele recebeu do esquema foram usados para pagar dívidas de caixa dois eleitoral.

Embora tenha assumido o caixa dois, o advogado João dos Santos Gomes Filho diz que Rocha não sabia se a origem do dinheiro era ilícita. Assim, tentou descaracterizar a acusação lavagem de dinheiro, ao dizer que, para estar configurada, ela carece de um crime antecedente.

Segundo o defensor, Rocha era cobrado por dívidas de campanha e procurou o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, que prometeu resolver. Rocha orientou então a assessora Anita Leocádia a fazer saques no Banco Rural, em contas de empresas do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza.

Para o advogado, o mensalão teve uma "dimensão muito maior do que tem". Rocha, disse, é "irrelevante" na "cadeia causal" da acusação.

O advogado de Leocádia, Luiz Telesca, também afirmou que ela não tinha como saber se havia crime na origem do dinheiro. Segundo ele, era "uma realidade de dívidas, de cobrança e de uma ordem dada pelo superior hierárquico".