Nas eleições municipais do próximo ano, o papel do governador Ricardo Coutinho (PSB) não deve se limitar a participações no guia eleitoral e nos palanques dos candidatos aliados. Historicamente, a máquina administrativa do Estado influencia no resultado das eleições municipais e garante a ampliação do número de prefeituras conquistadas pelo partido do gestor que ocupa o poder. Prova disso é a ampliação do número de prefeituras sob o comando do PSB desde que Coutinho assumiu o governo do Estado.
Levantamento feito pelo JORNAL DA PARAÍBA, levando em consideração as eleições municipais ocorridas desde 2000, mostra que, com a caneta na mão, os partidos conseguem elevar o número de municípios conquistados. A partir de 2012, quando Ricardo Coutinho estava no segundo ano do seu primeiro mandato como governador, o PSB elevou consideravelmente o número de prefeituras. O partido do governador saiu de apenas uma prefeitura, no ano 2000 para 34 em 2012.
O presidente estadual do PSB, Edvaldo Rosas, já anunciou que a pretensão do partido é eleger em 2016 pelo menos 90 prefeitos, quase o triplo das prefeituras conquistadas pelo partido na eleição municipal anterior. Para elevar o número de prefeituras, ele aposta na influência do modelo de gestão administrativa adotado pelo governador. Além da prefeitura de João Pessoa, a sigla vai entrar na disputa por cidades como Santa Rita e Cabedelo.
Na contramão do PSB, o PMDB e o PSDB têm observado seus espaços serem reduzidos nos municípios. No PSDB, a queda tem sido vertiginosa desde 2008, eleição em que o partido garantiu 41 prefeituras, três a menos que no pleito de 2004. Nas eleições de 2012 o desempenho do partido foi ainda pior, com apenas 29 prefeituras conquistadas. O presidente estadual da legenda, Ruy Carneiro, ainda não anunciou a meta para as próximas eleições, mas adiantou que a intenção é ampliar o número de prefeitos.
Apesar de ter vencido em 57 municípios nas eleições de 2012, o número de prefeituras conquistadas pelo PMDB tem sido reduzido a cada pleito. Nas últimas eleições, o resultado alcançado garantiu ao partido o maior número de prefeituras, contudo, o resultado é 31,3% inferior ao alcançado no ano 2000, quando o Estado era governado pelo peemedebista José Maranhão. O pior resultado para o partido foi registrado em 2004, durante a gestão de Cássio Cunha Linha, quando o partido garantiu apenas 47 prefeituras.
As três últimas eleições municipais mostraram também que na disputa pela prefeitura de João Pessoa, a influência do governador do Estado não chega a ser suficiente para garantir vitória ao seu partido. Foi assim nas eleições de 2004 e 2008, em que Ricardo Coutinho saiu vitorioso, contrariando a influência do então governador, Cássio Cunha Lima, que lançou Ruy Carneiro candidato em 2004 e João Gonçalves em 2008. Em 2012, foi a vez de Ricardo ver seu candidato derrotado na capital. Ele apostou na deputada Estela Bezerra que sequer chegou ao segundo turno. “Em prefeituras que dependem do poder estadual, é natural que o partido do governador tenha um crescimento maior. Até porque existe uma moeda de troca que são as políticas públicas", disse o cientista político, Ítalo Fitipaldi.
