Caetano Veloso não quer fazer showmício. Proibir seu evento fechado atenta contra a democracia

Caetano Veloso não quer fazer showmício. Proibir seu evento fechado atenta contra a democracia

Showmício.

Era quando o candidato fazia seu comício em praça pública e oferecia ao eleitor uma grande atração musical.

Era, digamos, a força da grana do político dando algo a quem nele podia votar.

Caracterizava um abuso de poder econômico.

Foi proibido.

Não é o que Caetano Veloso pretende fazer pelas candidaturas de Guilherme Boulos e Manuela D’Ávila. Ele, a prefeito de São Paulo. Ela, a prefeita de Porto Alegre.

O projeto de Caetano é assim: uma live fechada à qual você só tem acesso se pagar um ingresso. O dinheiro arrecadado com a venda dos ingressos será, então, para as duas candidaturas que têm o apoio do artista.

Não é um showmício.

Nem uma livemício, como se diria hoje, em tempo de pandemia.

O show fechado de Caetano Veloso foi idealizado com base na resolução do TSE que autoriza a realização de eventos para arrecadação de recursos para campanha eleitoral – explicou a Uns Produção, que administra a carreira do artista.

Em Porto Alegre, um adversário de Manuela reclamou, e a Justiça mandou suspender a divulgação do evento, marcado para o dia sete de novembro.

A voz de Caetano já foi calada em 2017, quando ele tentou cantar numa ocupação em São Bernardo.

Episódios como aquele de 2017 ou este agora de 2020 se juntam ao processo de desconstrução da democracia que estamos testemunhando no Brasil desde 2016.

A realização do show de Caetano será vitória da democracia.