‘Caras novas’ não representam renovação na política da Paraíba

A um ano das eleições, a dura constatação de que as "caras novas" não trazem novidade.

Wilson Filho, Hugo Motta, Efraim Filho, Pedro Cunha Lima, Caio Roberto, Jullys Roberto, Camila Toscano. Além de ocupar uma cadeira no Legislativo, esses parlamentares têm outras características em comum: jovens, eles representam a renovação da política paraibana, mas também estão ligados a tradicionais grupos políticos, que há anos se revezam na ocupação de importantes cargos do Executivo e nos legislativos.

Para os partidos com tradição familiar, essa renovação tem acontecido através das gerações. É o que mostra as novas lideranças do PMDB e do PSDB, para citar exemplos. Já os partidos que não representam, na sua essência, oligarquias políticas, o desafio para preparar novos quadros é ainda maior e tem dado poucos frutos. Na Paraíba, é o caso do PT e o do PSB.

O presidente estadual do PSB, Edvaldo Rosas, acredita que o atual sistema político dificulta o surgimento de novas lideranças e que é preciso uma reforma política eficaz para evitar que o tradicionalismo se perpetue dentro dos partidos. “Não é fácil formar uma liderança hoje. Infelizmente é o próprio sistema que cria grupos, que perpetua o tradicionalismo. É importante para a democracia que se possa renovar os quadros, mas o que se vê, por exemplo, são deputados que passam anos sem vir à Paraíba e que só aparecem em ano de eleição porque possuem uma estrutura gigante”, disse.

O socialista garantiu que o partido terá uma grande renovação em 2016, lançando mais de 100 candidatos a prefeito em todo o Estado. “São pessoas do campo, da cidade, da agricultura familiar, dos movimentos sindical e negro. Também há empresários entrando no partido. Estamos criando a juventude socialista para chamar os jovens para o partido, assim como os movimentos negro, das mulheres, LGBT. Tudo isso ajuda a oxigenar o partido e formar novas lideranças”, ressaltou.
O presidente estadual do PT, Charliton Machado, admite que há, atualmente, um distanciamento do jovem com os partidos e que é preciso reaproximar o PT dos movimentos estudantil, sociais, de luta pela terra – movimentos que sempre estiveram presentes na base do partido.

Capitanias hereditárias

Wilson Filho (PTB)
Segundo deputado federal mais jovem da história da Câmara dos Deputados, o deputado é filho do ex-senador José Wilson Santiago

Hugo Motta (PMDB)
Neto da prefeita de Patos, Francisca Motta, e filho do deputado estadual Nabor Wanderley, Hugo foi eleito em 2010 o deputado federal mais jovem do país. Em 2014, se reelegeu com 123.686 votos

Efraim Filho (DEM)
Sustenta o terceiro mandato de deputado federal. É filho do ex-senador Efraim Morais e neto do ex-deputado estadual João Feitosa. O avô, Inácio Bento de Morais, também é ex-deputado estadual

Pedro Cunha Lima (PSDB)
Filho do senador Cássio Cunha Lima, Pedro foi o deputado federal mais votado na última eleição, com 179.886 votos (9,29%). Ele nunca havia disputado uma eleição antes

Caio Roberto (PR)
Filho do ex-senador e deputado federal Wellington Roberto. Ingressou na política em 2010, quando se elegeu deputado estadual. Foi reeleito em 2014

Jullys Roberto (PEN)
Filho do ex-deputado Márcio Roberto, Jullys recebeu 22.468 votos na eleição passada. Não foi eleito, mas se tornou o primeiro suplente do deputado José Aldemir (PEN) na ALPB

Camila Toscano (PSDB)
A eleição de 2014 foi a primeira incursão de Camila na política e já lhe rendeu uma vaga na Assembleia Legislativa. É filha dos ex-deputados Zenóbio Toscano e Léa Toscano