LAERTE CERQUEIRA e ANGÉLICA NUNES

Os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Lula se encontraram. É uma aliança de inimigos políticos que, agora, depois da maturidade resolveram se alinhar? Não. As divergências continuam escancaradas e as diferenças de posicionamentos se mantém vivas. É que sob real ameaça, quem respeita a democracia encontra "liga" contra qualquer sopro de ruptura. 

É um ato simbólico de dois líderes brasileiros que querem a democracia garantida, o voto popular respeitado e as instituições, com todos os defeitos e necessidade de muitos ajustes, funcionando.

No caso de Lula, um pouco mais. Em pré-campanha para 2022, quer demonstrar equilíbrio e atrair lideranças do centro político.

Não é questão de gostar ou não gostar deles. Juntos, dão um recado para quem quer se manter no poder impondo regras inconstitucionais, apostando no grito e incentivando o caos para vender solução.

As ameaças do atual presidente Jair Bolsonaro às instituições, pilares do sistema democrático, motivaram o encontro. Motivam essas conversas.

FHC quer uma terceira via, mas pode votar em Lula para evitar que Bolsonaro consiga implantar uma "nova ditadura militar". Lula votaria em FHC, pelo mesmo motivo. Uma terceira via democrática e viável pode separar os dois.

Se Bolsonaro fosse garantia de democracia, eles não teriam almoçado juntos. Já perceberam que o capitão não está brincando.