Lula fica elegível e reacende a polarização na disputa com Bolsonaro para 2022

Por ANGÉLICA NUNES*

O ex-presidente Lula (PT) se tornou elegível nesta segunda-feira (8) após o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), anular todas as condenações relacionadas às investigações da Operação Lava Jato. A divulgação da recuperação dos direitos políticos do petista, reacendeu nas redes sociais a polarização entre Lula e o presidente Jair Bolsonaro e o debate para as Eleições 2022.

O embate quase foi travado em 2018, mas acabou preso em decorrência das ações Lava Jato, em Curitiba. Bolsonaro que antes falava em não disputar uma segunda candidatura agora já projeta reeleição. Ele ainda não se pronunciou sobre a decisão.

Único parlamentar do PT na bancada federal da Paraíba no Congresso Nacional, o deputado Frei Anastácio (PT) foi um dos primeiros do estado a polarizar a disputa, colocando o nome de Lula como futuro candidato a presidente.

Em nota, a Executiva estadual do PT não poupou ironia ao projetar o cenário eleitoral para 2022: “Os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas, mas jamais conseguirão deter a chegada da primavera”. Hoje, a frase de Che Guevara é combustível da alegria de milhões de brasileiros e brasileiras. A injustiça perdeu; o Brasil será feliz de novo!”, acenou.

Ex-candidato da prefeito de João Pessoa, o professor Charliton Oliveira também se animou com a decisão, que não analisa o mérito, já que o processo foi remetido para Brasília, mas libera Lula para a disputa. A lógica é de que a ação não deve ser julgada a tempo das Eleições 2022.

Ciro Gomes

Quem não ficou nenhum pouco satisfeito com a polarização foi o ex-candidato a presidente Ciro Gomes (PDT). Derrotado no primeiro turno, nas eleições presidenciais passadas, ele preferiu viajar à França para não ter que escolher entre Bolsonaro e Haddad. Agora ele afirma que o seu foco é tirar Bolsonaro do poder e criticou o movimento ‘volta, Lula’. “Esse é um filme eu já vi e não conte comigo para esse circo mambembe”, declarou, em entrevista ao UOL.

Luciano Huck

Cotado para sair candidato a presidente, o apresentador Luciano Huck fez uma postagem de resiliência com a decisão de Fachin e apelou para a lógica da renovação política como saída para o país. “Figurinha repetida não completa o álbum”.

Julian Lemos

Ex-bolsonarista, o deputado federal Julian Lemos (PSL) se limitou a uma tuitada enigmática sem opinião em relação a Lula. O parlamentar não tem comentado em quem deve votar em 2022, mas as críticas feitas à família Bolsonaro acenam que ele deve buscar uma terceira via.

Eduardo Jorge

O paraibano Eduardo Jorge, candidato à vice-presidência da República na chapa de Marina Silva, também tuitou opinando sobre o possível duelo entre Lula e Bolsonaro no próximo ano. “Agora é oficial. Lula está no grid de largada. Será que vai encarar ou vai passar a bola e ficar como “tecnico”. Espero que tope. Em casos assim de líderes como Bolsonaro e Lula que se pretendem messiânicos o melhor remédio é derrota-los pelo voto popular”, disse.

Arthur Lira

Já Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados, cobrou providência em relação ao juiz Sérgio Moro, condutor da Lava Jato: “Minha maior dúvida é se a decisão monocrática foi para absolver Lula ou Moro. Lula pode até merecer. Moro, jamais!”

Entenda a decisão

Ao decidir sobre pedido de habeas corpus da defesa de Lula impetrado em novembro do ano passado, o ministro Edson Fachin considerou que a Justiça Federal no Paraná não deveria ter julgado o ex-presidente pela falta de relação das denúncias com os desvios praticados na Petrobras. Com a decisão, os casos do triplex no Guarujá, do sítio em Atibaia e do Instituto Lula serão avaliados do zero, em Brasília.

Segundo o ministro, a 13ª Vara Federal de Curitiba, cujo titular na ocasião das condenações era o ex-juiz federal Sergio Moro, não era o “juiz natural” dos casos. Na mesma decisão, Fachin declarou a “perda do objeto” e extinguiu 14 processos que tramitavam no Supremo e que questionavam se o Moro agiu com parcialidade ao condenar Lula.

*Com informações do G1