Mesmo com aumento de leitos, sistema de saúde da Paraíba está “na lona” e mais restrições serão inevitáveis

8Por LAERTE CERQUEIRA e ANGÉLICA NUNES

Mesmo com aumento de leitos, sistema de saúde da Paraíba está "na lona" e mais restrições serão inevitáveis
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

O sistema de Saúde da Paraíba está estrangulado. Na lona. O governo estadual e prefeitura de João Pessoa, principalmente, abrem leitos, buscam equipamentos, contratam profissionais de saúde, mas a quantidade de pessoas contaminadas não para de crescer. Rescaldo de 15 dias atrás. As medidas da semana passada ainda não fizeram efeito, dizem especialistas.

São pacientes mais jovens. Pacientes que passam mais tempo internados, relatam os médicos.

O hospitais privados também chegaram ao limite, segundo últimos dados da Secretaria de Saúde da Paraíba. Algumas unidades negam a lotação. O que não muda o cenário de apreensão de quem tem medo de ser responsável pelo caos.

Resultado: os gestores vão ter que ampliar restrições para evitar contatos e contaminações. Uma ação para ter resultado lá na frente, evitando que o sufoco de agora se prolongue ou aumente, chegando ao colapso.

Neste domingo (07), em momento crítico de enfrentamento à Covid-19, governador da Paraíba se reúne com prefeitos, AL, MPs e TCE.

As autoridades do governo do estado não têm mais dúvida que a hora, agora, é de evitar o caos na saúde. Depois vão fazer as contas e pagar o preço da pressão político-econômica.

Mas a matemática não é simples. Prefeitos, com receio desse preço, resistem. Alguns querem pagar para ver, mesmo com as autoridades de saúde alertando.

A conscientização da população, pura e simples, já não faz mais efeito. Pelo visto, naturalizamos o cenário de casos e mortes. Isso, claro, até chegar em alguém mais próximo.

A fiscalização intensa dá resultados pontuais. Pelo menos nesse modelo de fiscalização que estamos vendo.

Recorde triste

Em relato ao Conversa Política, um profissional da linha de frente registrou que a cada dia atinge-se o recorde de pressão hospitalar.

“O aumento de leitos tem segurado o percentual abaixo de 90%, mas certamente essa fase é mais grave que a de 2020 e ainda não chegou no máximo”, afirma. Ele registrou ainda que neste sábado (06) eram 159 pessoas internadas em UTIs da capital e no ano passado não passou de 140.

De acordo com os especialistas, já há fatores limitantes para abrir mais leitos. O principal deles: a quantidade de profissionais especializados, também já apontada pelo governador João Azevêdo. “Não tem mais de onde tirar e eles não podem ter mais de dois vínculos públicos, mesmo querendo dar o sangue”, registra.

Ontem (06), por exemplo, foi aberto, em João Pessoa, mais 10 leitos no Hospital de Trauma da capital, mas não dá para ir além.

Um exemplo: no dia 21 de fevereiro, a Região Metropolitana de João Pessoa tinha 114 leitos de UTI abertos, com 96 ocupados, um taxa de 84,2%. No caso de enfermarias, 165 com 119 ocupadas, 72,1%.

Neste domingo (07), 15 dias depois, com 70 UTIs a mais, 184, a ocupação continua alta, 88%. No caso de enfermarias, o número pulou para 222 (57 a mais) e a ocupação já está em 74,8%.

O máximo que se chegou ano passado foi 136 leitos de UTI ocupados. Resumindo: a ocupação, agora, não para de crescer.

Outras limitações: a diminuição da quantidade de bloqueadores neuromusculares, sedativos que estão sendo usados no país inteiro. “Vai chegar uma hora que os laboratórios não vão da conta. A solução é vacina”, diz.

Mais restrições devem chegar. Agora, é saber qual o tamanho do risco que as autoridades vão assumir ou da coragem que vão ter.

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Atualizadas às 18h39