MP apura se escola de idiomas forneceu declarações falsas para professores furarem a fila da vacinação

Por LAERTE CERQUEIRA e ANGÉLICA NUNES

MP apura se escola de idiomas forneceu declarações falsas para professores furarem a fila da vacinação
Foto: Rodrigo Nunes/MS

O Ministério Público da Paraíba iniciou uma apuração para saber se uma escola de idiomas de Bayeux, na Região Metropolitana de João Pessoa, ajudou seus funcionários a furarem a fila de vacinação dos trabalhadores da educação.

De acordo com a denúncia, que começou a ser analisada pela promotora de Justiça da cidade, Fabiana Lobo, profissionais da escola, entre eles professores, teriam recebido declarações de que atuavam na educação infantil e fundamental para conseguir se vacinar contra a Covid-19.

A prefeitura já começou a vacinar profissionais desse grupo, mas as doses são para aqueles trabalham em escolas regulares, públicas ou privadas. Escolas de idiomas não estão incluídas. Nesse momento, a prefeitura também está imunizando a população carcerária.

Outros casos

De acordo do Fabiana Lobo, que atua na área da Saúde, esse e outros casos (como a vacinação indevida de gestores – diretores, supervisores, secretários e outros) estão incluídos no procedimento administrativo instaurado na Promotoria de Bayeux para acompanhamento da vacinação. Segundo a assessoria do MP, ainda não é um inquérito formal, mas um procedimento de acompanhamento, com pedido de informações para apurar eventual irregularidade.

“Infelizmente, temos que lidar com essas situações de pessoas que não estão na vez de se vacinarem e tentam ludibriar o processo. Recebemos a informação de que essa escola de idiomas havia emitido declarações, afirmando que seus profissionais se enquadravam no ensino infantil e fundamental, quando, na verdade, é apenas um curso de línguas. Alguns teriam sido vacinados nessa condição e vamos apurar a responsabilidade”, explicou.

Gestores

Sobre a denúncia de que gestores também receberam doses da vacina indevidamente, visto que não chegou a vez da imunização dos colaboradores da área administrativa, a promotora pediu à Secretaria Municipal de Saúde uma lista com os nomes das pessoas que teriam recebido a vacina, para identificar se houve alguma irregularidade.

O que diz a direção da escola de idiomas

De acordo com Camila Carla, uma das diretoras da KNN Idiomas, a escola se enquadra no que estava sendo exigido pela prefeitura de Bayeux. Segundo ela, a unidade tem convênio com escolas privadas regulares do Ensino Infantil e Fundamental da cidade, onde os professores de inglês e espanhol dão aulas. A diretora confirmou, ainda, que alguns funcionários da área administrativa tomaram a vacina porque também se enquadram no grupo de trabalhadores da educação, como prevê a prefeitura. A Secretaria de Saúde manteve a vacinação dos profissionais, com as declarações da escola, até a última segunda-feira. Na terça, não aceitou mais o documento para comprovação.

Prefeitura de Bayeux 

A assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde de Bayeux informou que a prefeitura continua vacinando trabalhadores da educação da educação infantil de escolas regulares. Até o fechamento desta matéria, ainda não havia informação sobre a inclusão ou não de escolas de idiomas e sobre o caso descrito acima.

Suspensão de vacinação

No início da semana, o TRF5 mandou suspender a vacinação dos trabalhadores em educação de João Pessoa, até que a meta de imunização dos grupos anteriores fosse atingida.

A prefeitura de Bayeux, no entanto, afirmou que continua vacinando os profissionais da educação porque entendeu que determinação só vale para prefeitura de João Pessoa.

Em Cabedelo, a prefeitura não quis pagar para ver e após decisão de João Pessoa e recomendação do MPF suspendeu vacinação dos trabalhadores em educação.