Plata: operação apura tráfico de drogas e lavagem de dinheiro em igrejas

A operação, deflagrada nesta terça-feira (14) pelo Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN), cumpre mandatos na Paraíba e mais sete estados e no Distrito Federal.

Foto: divulgação/MPPB

Uma operação deflagrada nesta terça-feira (14) pelo Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) cumpre mandatos na Paraíba e mais sete estados e no Distrito Federal. Ao todo são sete mandados de prisão e outros 43 de busca e apreensão contra um grupo suspeito de lavar dinheiro do tráfico de drogas com compra de imóveis, fazendas, rebanhos e até igrejas.

A investigação apura crimes de associação criminosa e lavagem de dinheiro proveniente de tráfico de drogas no DF, Rio Grande do Norte, Paraíba, São Paulo, Santa Catarina, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Bahia e no Ceará.

De acordo com informações dos órgãos de investigação, a suspeita é de que mais de R$ 23 milhões tenham sido movimentados pelos criminosos, que seriam ligados a uma das principais facções criminosas do país.

Operação na Paraíba

Na Paraíba, o trabalho é feito pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado do Ministério Público da paraíba (Gaeco/MPPB) e o Grupo de Operações Especiais da Polícia Civil da Paraíba (GOE/PCPB).

Segundo a coordenação do Gaeco/MPPB, na Paraíba foi cumprido um mandado de prisão e vários mandados de busca e apreensão. “O Gaeco firmou uma parceria com a Dracco para estruturar investigações qualificadas em face das facções que atuam em nosso Estado”, afirmou o promotor de Justiça, Octávio Paulo Neto.

Plata: operação apura tráfico de drogas e lavagem de dinheiro em igrejas
Foto: divulgação/MPRN

A investigação no MPRN

De acordo com o MPRN, o grupo lavava o dinheiro com a compra de imóveis, fazendas, rebanho bovino, automóveis, abertura de mercados e até com a fundação de igrejas evangélicas.

O principal investigado na operação é Valdeci Alves dos Santos. Ele é originário da região Seridó do Rio Grande do Norte e é apontado pelo Ministério Público de São Paulo, em ação separada, como liderança do Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa que surgiu nos presídios paulistas e que tem atuação em todo o Brasil e em países vizinhos. Valdeci já estava preso na Penitenciária Federal de Brasília.

No Rio Grande do Norte, ele tem como maior aliado o irmão Geraldo dos Santos Filho, conhecido por Pastor Júnior. Segundo as investigações, há pelo menos duas décadas os dois mantêm o esquema de lavagem de dinheiro, tendo como participantes seus irmãos, filhos, sobrinhos e comparsas fora da família. Ao lado da mulher dele, Geraldo é investigado por constituir um patrimônio de R$ 6.189.579,42, valor incompatível com seus rendimentos laborais declarados. A mulher dele também foi presa nesta terça-feira.

Em 2019, Geraldo Filho foi preso usando documento falso em nome de José Eduardo Medeiros de Moura. Ele e a mulher teriam constituído uma empresa jurídica para a lavagem de dinheiro. A suspeita é a de que Geraldo e a mulher, através de “laranjas”, lavavam dinheiro também através de igrejas evangélicas.

Em nome de laranjas, a suspeita é que o casal abriu pelo menos sete igrejas nos Estados do Rio Grande do Norte e São Paulo. A ação cumpriu mandados de busca e apreensão em algumas dessas igrejas.

O material apreendido nas igrejas será analisado pelo MPRN para apurar se há envolvimento de outras pessoas nos crimes. Valdeci já estava preso na Penitenciária Federal de Brasília, onde foi cumprido novo mandado. Geraldo e outras cinco pessoas foram presas no Rio Grande do Norte nesta terça e encaminhadas ao sistema carcerário potiguar.