Pré-candidatos à presidência do Brasil condenam ‘neutralidade’ de Bolsonaro em relação à Ucrânia; veja nota conjunta

No domingo, o presidente Jair Bolsonaro afirmou em entrevista coletiva no Guarujá, onde estava de folga, que a posição do Brasil em relação ao conflito Rússia-Ucrânia era de “neutralidade” (vídeo abaixo).

Foto: Reprodução/TV Globo
Pré-candidatos à presidência do Brasil condenam 'neutralidade' de Bolsonaro em relação à Ucrânia; veja nota conjunta
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A neutralidade do presidente Jair Bolsonaro em relação à invasão da Rússia à Ucrânia foi alvo de críticas de quatro pré-candidatos a presidente da República.

Nesta terça-feira, eles divulgaram nota conjunta condenando o posicionamento do “líder” brasileiro.

Assinam a nota a senadora Simone Tebet (MDB-MS), pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), pelo ex-juiz federal e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro (Pode-PR), e pelo cientista político Felipe d’Avila (Novo-SP).

Na nota, os pré-candidatos afirmam que a defesa da paz, da soberania nacional e da legitimidade da ordem internacional sempre pautou a política externa brasileira.

Quando esses princípios cardeais são violados, não há espaço para neutralidade”, afirmaram no texto, sem mencionar Bolsonaro. “É preciso defendê-los de maneira inequívoca por meio de nossas escolhas e ações”, complementaram.

Para os pré-candidatos, o ataque militar da Rússia à Ucrânia é uma tentativa “condenável de mudar o status quo da Europa por meio da força, estimula a retomada de uma corrida armamentista e coloca em risco a soberania de países que lutaram contra as tiranias por liberdade e inserção na comunidade das nações”.

Os quatro pedem a retomada da diplomacia e um posicionamento do governo brasileiro: “Pedimos à Rússia que retome o caminho da diplomacia para a restauração da paz. Pedimos ao governo brasileiro que se posicione, unindo-se às nações que defendem a soberania da Ucrânia e a solução pacífica do conflito.”

Representante da Ucrânia

O encarregado de negócios da Ucrânia no Brasil, Anatoliy Tkach, sugeriu ontem (28), em entrevista coletiva, que o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, converse por telefone com o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, para esclarecer o que ocorre no país do leste europeu.Pré-candidatos à presidência do Brasil condenam 'neutralidade' de Bolsonaro em relação à Ucrânia; veja nota conjuntaPré-candidatos à presidência do Brasil condenam 'neutralidade' de Bolsonaro em relação à Ucrânia; veja nota conjunta

Penso que o presidente do Brasil esta mal informado. Talvez seja interessante ele conversar com o presidente ucraniano para ver outra posição e ter uma visão mais objetiva”, disse Tkach.

Para o representante da Ucrânia no Brasil, não existe neutralidade quando se conhece o agressor.

Ao se questionado se gostaria que o Brasil tomasse mais alguma atitude, o encarregado de negócios da Ucrânia no Brasil disse que espera “um maior apoio e uma maior condenação por parte do Brasil à Rússia. Nós temos que parar essa agressão”.

“Neste momento, não se trata de apoio à Ucrânia, se trata de apoio aos valores democráticos, ao direito internacional”, afirmou o diplomata. Ele disse que o conflito atual na Ucrânia não é apenas um problema do próprio país, “mas da Europa e do mundo”, disse à Agência Brasil.

NOTA NA ÍNTEGRA

A defesa da paz, da soberania nacional e da legitimidade da ordem internacional sempre pautou a política externa brasileira. Quando esses princípios cardeais são violados, não há espaço para neutralidade.

É preciso defendê-los de maneira inequívoca por meio de nossas escolhas e ações. O ataque militar da Rússia à Ucrânia é uma tentativa condenável de mudar o status quo da Europa por meio da força, estimula a retomada de uma corrida armamentista e coloca em risco a soberania de países que lutaram contra as tiranias por liberdade e inserção na comunidade das nações.

Portanto, nós, pré-candidatos à presidência da República, tornamos público o nosso repúdio à invasão da Ucrânia e oferecemos a nossa solidariedade ao povo ucraniano.

Pedimos à Rússia que retome o caminho da diplomacia para a restauração da paz. Pedimos ao governo brasileiro que se posicione, unindo-se às nações que defendem a soberania da Ucrâniarússias e a solução pacífica do conflito.

@lfdavilaoficial

@jdoriajr

@SF_Moro

@SimoneTebetms