Queiroga pede uso de máscara e distanciamento, Bolsonaro tira a máscara e estimula aglomeração

Por LAERTE CERQUEIRA e ANGÉLICA NUNES 

Queiroga pede uso de máscara e distanciamento, Bolsonaro tira a máscara e estimula aglomeração
Foto: Reprodução/Rede Social

Não demoraria muito para acontecer. Aconteceu. O ministro da Saúde, o paraibano Marcelo Queiroga, vai aos pronunciamentos, pede o uso massivo de máscara (já que ainda não temos vacinação em massa) e pede o distanciamento entre pessoas.

Nas ruas, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) faz o contrário. Não está nem aí. Tira a máscara e aglomera. Não dá exemplo e desestimula as pessoas a se protegerem, contribuindo para essa ‘crise’ não acabar nunca.

Queiroga pede união de forças, o presidente ataca e coloca fogo onde puder incendiar. Tudo é conspiração. Os seguidores reproduzem o comportamento. Ele sabota os acertos da própria gestão e acha que resolve encontrando inimigos.

Último episódio

O presidente repetiu na manhã de ontem (10) um roteiro de desrespeito às regras sanitárias e de ataques aos governadores e ao Supremo.

Na periferia do Distrito Federal, visitou uma casa onde estava um grupo de venezuelanas que migraram recentemente ao Brasil por conta a crise econômica e política da Venezuela.

Ele e seus auxiliares não usaram máscara de proteção facial na conversa com o grupo. 

Bolsonaro também criticou, em vários momentos, governadores e prefeitos que determinaram o fechamento de comércio e restrições de movimentação, numa tentativa de frear a disseminação do vírus. Mas não apresentou a solução.

Estimular o uso da máscara seria uma ajuda. Não incentivar aglomeração seria outra. O presidente não concorda com medidas e vende o discurso que não pode fazer nada. Mas poderia, ao menos, fazer o básico, recomendado em todo o mundo.

Cultos e missas 

O presidente se queixou ainda da decisão do STF desta semana que autorizou estados e municípios a suspenderem atividades presenciais em templos religiosos para impedir aglomerações durante a pandemia.

Também voltou a defender o que chama de “tratamento imediato” contra a Covid-19, com uso de substâncias (ineficazes, segundo especialistas), como a hidroxicloroquina, ivermectina e eritromicina.

Queiroga, que já disse ser contra porque não há consenso na comunidade científica, recuou no discurso depois de assumir o ministério.

Para evitar o conflito com o presidente, afirmou que médicos têm liberdade de receitar remédios, mesmo os que não têm eficácia comprovada.

Pelo visto, continuamos em círculo. O ministro “recomenda” ao povo o que o presidente não faz.

Média de 3 mil mortes por dia 

O Brasil registrou 2.535 mortes por Covid-19 no último boletim. 351.469 vítimas desde o início da pandemia. A média móvel de mortes no Brasil nos últimos 7 dias chegou a 3.025. Em comparação à média de 14 dias atrás, a variação foi de +16%, indicando tendência de alta nos óbitos pela doença.