Romero quer votos fora da ‘bolha radical’ de Bolsonaro, mas bolsonaristas podem não aceitar

Por LAERTE CERQUEIRA e ANGÉLICA NUNES 

Romero quer votos fora da 'bolha radical' de Bolsonaro, mas bolsonaristas podem não aceitar
Romero Rodrigues, ex-prefeito de Campina Grande, pré-candidato ao governo da Paraíba: Foto: Divulgação/Arquivo

O pré-candidato ao governo da Paraíba pelo PSD, Romero Rodrigues, tenta furar a bolha radical do presidente Bolsonaro para ampliar o eleitorado e o “campo de votação”.

Mas não será fácil adotar esse caminho, mais racional, menos apaixonado, e não ser bombardeado pelos próprios bolsonaristas.

A regra de uma parte do grupo é: ou o candidato está ao lado do capitão em todos os cenários ou não está. Elogiar ações é fundamental e admitir de maneira crítica “fracassos” da gestão é inconcebível. É sinal de infidelidade.

Semana passada, bastou Romero ensaiar uma postura de uma defesa “menos cega” para já ser olhado com desconfiança. Já está com a faca no pescoço e é acusado de se afastar do presidente.

Há quem acredite que o caminho da direita menos radical é o melhor. Assim é possível conquistar um eleitorado insatisfeito com João Azevêdo (Cidadania), pré-candidato à reeleição, mas que também é crítico com governo federal.

A análise é que numa eventual polarização, ou num segundo turno, esse eleitorado mais radical da direita irá, inevitavelmente, apoiar Romero. Afinal, com João Azevêdo ele não estará.

De qualquer forma, Romero também sabe que a rejeição do presidente por aqui está em alta (pelo menos por enquanto) e não dá para confiar que apenas com a direita bolsonarista será possível desbancar o governo de Azevêdo. Não há mais uma ‘grande onda’, como foi em 2018.

Queiroga entraria no jogo

Com as “incertezas” do posicionamento mais radical de Romero e com a possibilidade do partido dele ter um candidato, Rodrigo Pacheco, bolsonaristas também abrem o olho para ampliar o leque de opções.

Se apoiam a qualquer nome que esteja disposto a seguir a cartilha do presidente com fidelidade absoluta. Um deles entrou no jogo, em mais um exercício dos governistas de criar aliados fiéis nos estados: o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.

Lá de Brasília, vieram as vozes de que com o avanço da vacinação, Queiroga leve o crédito pela melhora do quadro da pandemia e se cacife para as eleições de 2022.

A análise nos bastidores é que, como não há aliados de peso do governo no estado – ou seja, Romero não seria esse aliado- e o nome de Queiroga possa ganhar força.

Procurado pelo GLOBO, Queiroga, que não é filiado a nenhum partido, disse que está voltado integralmente para enfrentar a pandemia.

Entrevista de Pedro Cunha Lima 

O aliado de primeira ordem do ex-prefeito de Campina, Pedro Cunha Lima, em entrevista ao Conversa Política, disse que aposta numa oposição na Paraíba unida, mesmo com as divergências na análise da gestão do governo federal.

Na entrevista, ele apresenta os argumentos, fazendo críticas à gestão Bolsonaro e a Lula. No âmbito, nacional está confiante que aparecerá uma “salvadora” terceira via. O posicionamento “crítico” de Pedro não agradou, nem um pouco, os bolsonaristas.

Pisando em ovos 

Romero já viu que até o ano quem vem terá que andar em cima de muitos ovos. Pode quebrar alguns, mas não muitos. O pavio dos bolsonaristas radicais é curtíssimo.

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