‘Criatividade’ nas câmaras municipais dá o que falar na Paraíba

Proibição do uso de capacetes nas ruas e celular nas repartições são algumas das proposituras apresentadas nas câmaras municipais. Propostas geram polêmica

Para entrar no município de Itabaiana, distante 80 quilômetros de João Pessoa, os motociclistas terão que obedecer a uma regra: retirar o capacete. No Sertão paraibano, a população idosa de Catolé do Rocha pode receber gratuitamente pílulas para disfunção erétil. Já no município de Sousa, os servidores públicos que forem flagrados utilizando aparelho de celular durante o trabalho podem ter que pagar multa superior a R$ 500. Estes são apenas alguns exemplos de leis inusitadas criadas por vereadores paraibanos.

Em Itabaiana, por 5 votos a 4, os vereadores aprovaram no mês passado o projeto proposto pelo vereador Lula do Mangaio para proibir o uso de capacete no município. Caso o projeto seja sancionado pelo prefeito Antônio Carlos Rodrigues (PMDB), os motociclistas que trafegarem pelo município terão que retirar seus capacetes, como forma de reduzir o número de assaltos registrados na cidade. Os parlamentares, no entanto, ignoraram o fato de que os acidentes envolvendo motociclistas lideram os atendimentos nos hospitais paraibanos.

Projeto semelhante foi aprovado na Câmara Municipal de Sousa. O presidente da Casa, Aldeone Abrantes (PTB), propôs um projeto para proibir o ingresso ou permanência de pessoas utilizando capacete nos estabelecimentos comerciais, industriais, públicos ou abertos ao público e instituições financeiras. Assim como em Itabaiana, a pretensão do vereador é reduzir o número de assaltos praticados por pessoas utilizando motocicletas.

Os servidores também estão na mira dos vereadores de Sousa. Em junho, eles aprovaram por unanimidade projeto de lei que veda o uso de aparelho de telefonia celular em hospitais, casas de saúde, postos de saúde, instituições bancárias e financeiras, salas de aulas e conferências, casas fechadas de espetáculos e bibliotecas por funcionários dos respectivos órgãos ou estabelecimentos.

O autor do projeto, Aldeone Abrantes, explicou que a medida visa ao bom atendimento por parte do servidor àqueles que recorrem à prestação de serviço de determinado órgão público ou de estabelecimento privado. Para ele, concentrados no uso do celular, os servidores não fornecem a atenção necessária aos que procuram atendimento. “Muitas vezes o servidor deixa de atender um paciente para ficar conversando nas redes sociais”, justificou. Caso a lei seja descumprida, o servidor flagrado utilizando celular enquanto trabalha terá que pagar multa de 200 Ufir.

Propostas geram polêmica e muitas delas podem ser declaradas inconstitucionais.

Em Catolé do Rocha:
Os idosos do município que sofram com disfunção erétil ganharam o direito a receber medicação específica para resolver o problema;

Em Itabaiana:
Ao entrar na cidade, condutores e passageiros de motos serão obrigados a retirar o capacete sob pena de multa. Objetivo é reduzir o número de assaltos na cidade por pessoas usando moto;

Em Sousa:
Os motoqueiros são obrigados a retirar o capacete ao chegar a estabelecimentos comerciais, inclusive durante o abastecimento nos postos de combustíveis;
Nas repartições públicas, desde o meio do ano os servidores municipais estão proibidos de fazer uso de aparelhos celulares. Segundo os vereadores, a meta é impedir o bate-papo nas redes sociais;

Em Monte Horebe:
Os veículos municipais que transportam estudantes são obrigados a dar carona a quem esticar a mão e o motorista pode ser punido caso não atenda aos “caronistas”;

Em João Pessoa:
Projeto do suplente de vereador Eduardo Carneiro torna todos os assentos nos ônibus preferenciais para mulheres, idosos, obesos, gestantes, pessoas com deficiência e pessoas com limitação temporária de locomoção.