Daniella apresenta emenda para livrar religiosos de punições por homofobia

Projeto tramita em paralelo ao julgamento que acontece no STF.

Daniella apresenta emenda para livrar religiosos de punições por homofobia
Daniella Ribeiro assina emenda apresentada em projeto contra homofobia (Foto: Divulgação/Assessoria)

A senadora Daniella Ribeiro (PP) apresentou uma emenda ao projeto de lei que torna crime os casos de homofobia e transfobia. A sugestão da parlamentar paraibana é de não criminalizar manifestações sobre orientação sexual e identidade de gênero no âmbito religioso, feitas em locais públicos, privados ou até mesmo em meios televisivos.

A emenda de Daniella foi apresentada no projeto de lei 672/2019. O relator matéria é o senador Alessandro Vieira (SD-SE). O parlamentar pode apresentar o relatório à Comissão de Constituição e Justiça do Senado na próxima semana.

A senadora paraibana propõe que não sejam criminalizadas “condutas praticadas no exercício da liberdade de consciência e de crença”. Ela coloca como excessões a manifestação sobre orientação sexual ou identidade de gênero nos locais de culto, instituições privadas de ensino confessionais, seminários de formação religiosa e qualquer outro local sob administração de natureza religiosa, quando se manifestarem. Para a senadora, é necessário conferir “a máxima proteção à liberdade de consciência e de crença”.

Ao justificar a proposta de emenda, Daniella Ribeiro considerou “inadmissíveis” atos de violência, preconceito e discriminação contra a população LGBTQI “em um contexto plural, de honra à dignidade da pessoa humana e de respeito às liberdades individuais”. No entanto, para ela a o benefício em favor da população LGBTQI para reprimir tais atos, não pode ser feita à revelia de outros direitos humanos e fundamentais, restringindo a liberdade religiosa e de crença.

“Sem liberdade religiosa, em todas as suas dimensões, não há plena liberdade civil, nem plena liberdade política, isto é, não há possibilidade de democracia”.Para ela, a religião ou as convicções de cada indivíduo são elementos fundamentais. “A liberdade de religião ou de convicções deve ser integralmente respeitada e garantida”, completou.

Para reforçar seus argumentos, a senadora citou o voto do ministro Celso de Mello, relator da matéria no Supremo Tribunal Federal. Ele defendeu que a criminalização da homofobia não pode “restringir ou suprimir liberdade de consciência e de crença, nem autorizar qualquer medida que interfira nas celebrações litúrgicas ou que importe em cerceamento à liberdade da palavra, seja como instrumento de pregação da mensagem religiosa, seja ainda, como forma de exercer o proselitismo em matéria confessional quer em espaços públicos, quer em ambientes privados”.

NO STF

Na quinta-feira (23) da semana passada, o Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria para enquadrar a homofobia e a transfobia como crimes de racismo. Até o momento, seis dos 11 ministros votaram nesse sentido. A análise será retomada no dia 5 de junho com os votos de cinco ministros
As ações pedem a criminalização de todas as formas de ofensas, individuais e coletivas, homicídios, agressões e discriminações motivadas pela orientação sexual e/ou identidade de gênero, real ou suposta, da vítima.

Antes da análise do tema ser retomada, nove dos 11 ministros entenderam que o avanço do projeto no Congresso não significa que não haja omissão do Legislativo sobre o tema e por isso decidiram continuar.

Até o momento, votaram para enquadrar homofobia e transfobia na lei de racismo os ministros Celso de Mello, Edson Fachi, Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber e Luiz Fux.