Docentes e servidores da UFPB fazem paralisação contra nomeação de Valdiney para reitor

O professor foi o menos votado em consulta pública pelo presidente Jair Bolsonaro.

Foto: Lara Brito
Docentes e servidores da UFPB fazem paralisação contra nomeação de Valdiney para reitor
Foto: Lara Brito

Docentes e servidores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) paralisam as atividades nesta quarta-feira (18), em protesto contra a nomeação do candidato menos votado na consulta pública, Valdiney Veloso Gouveia, para reitor da instituição. A decisão pela paralisação foi tomada pelo Sindicato dos Docentes da Universidade Federal da Paraíba (AdufPB) na última sexta-feira (13).

Além da paralisação, um ato público será realizado às 16h desta quarta-feira, na na Praça da Paz, no bairro dos Bancários. A AdufPB informa que a mobilização vai reunir professores, servidores e alunos da UFPB, que juntos realizam uma caminhada até a universidade, informando a população sobre o que está acontecendo.

Uma nova assembleia geral está marcada dia 19 de novembro e vai discutir novas ações, segundo a AdufPB.

Nesta terça-feira (17), as professoras Terezinha Domiciano e Mônica Nóbrega, candidatas da chapa mais votada na consulta pública para a reitoria, deram entrada em um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo que os votos da consulta pública sejam considerados.

O reitor Valdiney Gouveia disse ao G1 que “agimos em cumprimento estrito ao ordenamento jurídico. Qualquer outra ação não nos compete tecer comentários”.

Protestos

O professor Valdiney Gouveia foi nomeado reitor da UFPB no último dia 5 de novembro pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), para os próximos quatro anos. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União (DOU).

A ascensão do professor Valdiney Gouveia no cargo de reitor da UFPB foi envolta em uma série de fatos polêmicos. O primeiro, questionado pela comunidade acadêmica, diz respeito ao desrespeito à votação interna do Conselho Universitário.

O escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro para o comando da Universidade foi o terceiro colocado da lista tríplice eleita, com apenas 5% dos votos. Além disso, Valdiney não teve nenhum voto durante a formação da lista tríplice pelo Conselho Universitário (Consuni).

A decisão gerou uma série de protestos de alunos, professores e funcionários, que culminou com a ocupação da sede da reitoria. Um grupo de estudantes se acorrentou no local cobrando a revogação do ato do presidente da República. Eles alegam que o desrespeito ao desejo da maioria seria mais um ato de intervenção nas universidades. Na ocupação, os manifestantes chegaram a realizar a posse simbólica da professora mais votada como forma de protesto.

Os alunos afirmam que só vão sair do local quando a nomeação do novo reitor for revogada. Eles divulgam atividades nas redes sociais como debates, oficinas, atividades culturais e atos de protesto, que acontecem no lugar da ocupação.

Em ato contínuo, o juiz Federal Titular da 2ª Vara, Bruno Teixeira de Paiva, determinou a imediata expedição de mandado de reintegração de posse da reitoria para assegurar a posse de Valdiney no cargo. Na quarta-feira (12), Valdiney Veloso foi recebido com ovos pelos estudantes, durante sua posse oficial.

A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) também entrou na briga contra as nomeações de reitores pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sem obedecer à ordem na lista tríplice. O pedido foi formulado ao STF. A ação quer que o gestor nomeie sempre o primeiro colocado das listas enviadas pelas universidades e institutos.