Ex-prefeita de Patos é denunciada por sonegação fiscal de R$ 2,4 milhões

Na denúncia, o MPF pede a prisão de Chica Motta e a devolução do dinheiro.

Francisca Motta (Foto: Kleide Teixeira/Arquivo)
Francisca Motta (Foto: Kleide Teixeira/Arquivo)
Francisca Motta (Foto: Kleide Teixeira/Arquivo)

O Ministério Público Federal (MPF) pediu a condenação da ex-prefeita de Patos, Francisca Gomes de Araújo Motta, mais conhecida por Chica Motta, por ter deixado de repassar à Receita Federal o total de R$ 2.411.904,53 relativos às contribuições previdenciárias descontadas das remunerações pagas a segurados empregados e contribuintes individuais do município, entre os meses de janeiro e dezembro de 2014.

Além da sonegação dos tributos, a ex-gestora foi denunciada pelo MPF também por ter sonegado informações sobre remunerações pagas a empregados públicos nas Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIPs).

Na denúncia, o MPF pede a aplicação da pena privativa de liberdade à ex-prefeita, bem como pagamento de reparação dos danos, no valor mínimo das contribuições sonegadas atualizado monetariamente. Para o MPF, como dirigente máxima da prefeitura, Motta tinha poderes para determinar a correta confecção das Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social e o recolhimento dos tributos sonegados, entende o MPF.

‘Diferenças consideráveis’

Conforme a denúncia, no caso dos segurados empregados, as sonegações foram verificadas através da análise de dados coletados nas GFIPs e do batimento com as informações constantes das folhas de pagamento, por competência e servidor vinculado ao Regime Geral de Previdência Social. A verificação constatou diferenças consideráveis entre a base de cálculos previdenciários definidas pelo critério de tributação da própria prefeitura e as declaradas, bem como divergências entre as contribuições descontadas dos segurados e as efetivamente declaradas.

No caso dos contribuintes individuais, descritos como “Autônomos não Transportadores” na representação feita pela Receita Federal, houve contratações habituais de contribuintes individuais pelo município de Patos, no ano de 2014, com o valor total das remunerações de R$ 590.145,20, informa a denúncia. Desse total, apenas R$ 12.500,00 foram declarados nas GFIPs “demonstrando a contumácia na omissão das remunerações dos contribuintes individuais nas GFIPs. Tais omissões ficam ainda menos justificáveis ante o fato de haver vários descontos de contribuição previdenciária dos pagamentos desses segurados”, aponta o MPF.

Defesa

Ao ser notificada pelo MPF para se manifestar sobre a representação da Receita Federal, Chica Mota alegou que os fatos relatados pela Receita não tinham sido identificados pelo Tribunal de Contas e que, sobre os valores contabilizados pela Receita Federal, não incidiria contribuição patronal. Também alegou que os R$ 2.411.904,53 já estariam sendo discutidos em outros dois processos e contestou a coerência dos dados usados pela Receita.

No entanto, a Receita Federal encaminhou informação fiscal ao MPF, esclarecendo que os referidos tributos sonegados não se tratavam das mesmas verbas dos processos apontados pela ex-prefeita, ressaltando que a Receita já tinha conhecimento daqueles processos quando elaborou a representação referente aos mais de dois milhões sonegados.

Sem acordo

Na denúncia, o Ministério Público Federal informa que deixou de apresentar acordo de não persecução penal à ex-prefeita em decorrência da vedação do artigo 28-A, § 2º, do Código de Processo Penal, uma vez que “há elementos probatórios que indicam a conduta criminal habitual, reiterada e profissional, como apurado no âmbito das chamadas Operação Desumanidade (2015) e Operação Veiculação (2016), consubstanciados em vários processos sobre desvio de recursos públicos durante seu mandato único à frente da Prefeitura Municipal da Patos”, menciona o documento.

A reportagem do JORNAL DA PARAÍBA entrou em contato com assessoria da ex-prefeita e aguarda retorno.