Na Paraíba, a frota de veículos ultrapassou, em 2015, a marca de um milhão de unidades, no entanto, o número de pessoas habilitadas a dirigir não segue essa tendência. São, no total, 788.751 condutores habilitados, quantidade inferior ao número de veículos, que é de 1.054.471, segundo o Departamento Estadual de Trânsito (Detran-PB).
O fato se repete por todo o Estado e é ainda mais curioso nas pequenas cidades. No município de Bernardino Batista, localizado no Sertão, que fica distante 509 quilômetros de João Pessoa e tem pouco mais de três mil habitantes, por exemplo, há 376 veículos, mas apenas oito condutores habilitados, o que resulta em uma média de 47 veículos para cada condutor. O fato é criticado pelo secretário de Transportes da cidade, Cláudio José Gomes. Segundo ele, a falta de fiscalização por parte dos órgãos de trânsito e as dificuldades para se adquirir uma CNH são o que mais contribuem para esse desequilíbrio.
“Muitas pessoas não têm condições de tirar a CNH, mesmo assim conduzem veículos. Isso acontece ainda mais na nossa zona rural, com um incrível crescimento da frota de motos, principalmente. Temos a preocupação com a segurança das pessoas, porque sabemos que o documento é necessário, mas não temos competência para aplicar nenhuma sanção. Então o que fazemos é colocar placas nos cruzamentos e redutores de velocidade, como lombadas”, informou o secretário.
Na cidade de Areia, localizada no Brejo do Estado, a quantidade de veículos também é maior que o total de condutores. São 4.622 veículos para 2.731 pessoas que possuem habilitação para dirigir. Já Lastro, no Sertão, que possui 2.841 habitantes, contabiliza uma frota de 499 veículos, no entanto apenas 202 pessoas possuem a Carteira Nacional de Habilitação.
O desequilíbrio entre a quantidade de veículos e de condutores, no entanto, também é constatado nas duas maiores cidades do Estado. Em João Pessoa, existem 19.870 veículos a mais que pessoas habilitadas, e em Campina Grande, são 13.609 transportes a mais que condutores.
A reportagem do JORNAL DA PARAÍBA questionou o Departamento Estadual de Trânsito (Detran-PB) acerca dos dados. Segundo o órgão, a explicação para esse desequilíbrio é que o cadastro de veículos possui um alto número de transportes que não estão mais em circulação, mas que apesar disso, o proprietário não ‘deu baixa’ no órgão. Ainda conforme o Detran, este fato acontece em todos os Estados e o Denatran estima este número em um percentual aproximado entre 20% e 30%, ou seja, reduzindo-se esse faixa no número de cadastro, a quantidade de veículos em circulação aproxima-se do número de condutores.
“Precisamos lembrar que a atualização dos condutores é realizada a cada cinco anos, enquanto que a dos veículos não é atualizada, apenas se o proprietário fizer a baixa do veículo, o que influencia nestes números. Quanto a isso, as medidas que estão sendo providenciadas são campanhas para conscientizar as pessoas a fazerem a baixa dos veículos que já não possuem e ainda permanecem em seus nomes”, informou o engenheiro de transportes do Detran-PB, Genival Júnior.
