ALPB gasta R$ 1,1 milhão para ‘monitorar conteúdo’ na mídia

Em 2022 já foram pagos quase R$ 600 mil pelo serviço. Os dados são da própria Assembleia e estão inseridos no quesito publicidade institucional.

Foto: reprodução/ALPB

Os bastidores da Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB) estão em ebulição. Os deputados paraibanos irão escolher, no início do próximo ano, quem comandará a ‘Casa’ pelos próximos dois biênios. As articulações estão em alta, mas não apenas elas. O custo com a máquina da instituição acompanha um ritmo parecido.

Um exemplo disso são os gastos com ‘monitoramento de conteúdo’ nas redes sociais e na imprensa. O órgão pagou, de 2020 até junho deste ano, mais de R$ 1,1 milhão com esse tipo de serviço.

Os dados são da própria Assembleia e estão inseridos no quesito publicidade institucional.

Os valores têm crescido. Em 2020 foram pagos R$ 176 mil pelo monitoramento. Ano passado R$ 396 mil. E este ano, até junho, a casa já desembolsou R$ 598 mil.

Em tempos de pandemia e de crise econômica, em que milhares de paraibanos perderam o emprego ou até a vida, esse tipo de serviço está distante de qualquer razoabilidade.

E há um detalhe nessa história: a empresa contratada para executar o monitoramento é a Keek – Inteligência Analítica. De acordo com a Receita Federal, a administradora do empreendimento é a esposa do jornalista Ruy Dantas, que comanda a agência SIN Comunicação, responsável pelo gerenciamento da conta publicitária da ‘Casa’.

Nas Câmaras Municipais de João Pessoa e Campina Grande não há, conforme as assessorias, esse tipo de serviço.

Assembleia diz que monitoramento é feito 24h por dia

Através de sua assessoria, a Assembleia Legislativa da Paraíba informou que o serviço “consiste em monitorar 24hrs por dia, 7 (sete) dias por semana, durante 30 dias consecutivos as redes sociais, rádios e tv´s, com o envio de alertas via whatsapp, plataforma de gerenciamento sobre as notícias e análise do conteúdo monitorado com a categorização por assunto, sentimento, tipo de mídia e o INP – índice da imagem percebida”.

Conforme o órgão, “é responsabilidade da agência contratada trazer a solução para o desafio de comunicação apresentado por esta casa legislativa, devendo buscar as condições econômicas e vantajosas para administração”.
“Avaliamos o serviço e a entrega de seus resultados, através dela a comunicação da Assembleia tem acesso a tudo em que é citada, isso é uma grande conquista, pois permitiu a produção do conteúdo editorial pautado no que há de relevante para a sociedade”, afirmou a assessoria.
Análise
O fato principal não é a discussão sobre a qualidade ou a execução do serviço prestado. Longe disso. A questão primordial é a conveniência desse tipo de gasto.
Em um Estado onde milhares sofrem com a fome, outros tantos perambulam pelas ruas à procura de um teto, bem que o Legislativo poderia dar prioridade à solução desses problemas – em vez de investir mais de um milhão de reais para monitorar a própria imagem.