Falta de seringas é retrato dos 'deslizes' do poder público no combate à pandemia

Ministério da Saúde diz que Paraíba e mais seis Estados não têm seringas. Estado afirma que dado é antigo e não corresponde à realidade

Falta de seringas é retrato dos 'deslizes' do poder público no combate à pandemia
Foto: Ascom

A pandemia da covid-19 ficará marcada no Brasil, infelizmente, pelas milhares de mortes e pelo sofrimento coletivo imposto às famílias brasileiras. Mas, em alguns aspectos, também ficarão registrados na história os ‘deslizes’ cometidos pelo poder público no enfrentamento ao problema.
Quem não lembra, por exemplo, dos primeiros meses da pandemia, quando muitos Estados não tinham respiradores suficientes e várias compras acabaram demorando muito para serem feitas. Outras, aliás, sequer tiveram os produtos entregues. Viu-se o Governo Federal retendo aparelhos adquiridos por Governos estaduais, em uma completa desorganização administrativa.
Naquele instante, pelo menos, tínhamos um cenário de ‘guerra surpresa’, onde as formas de combater o inimigo ainda eram novas para todos os gestores.
Agora, quase um ano depois, nossos Governos não aprenderam a lição e continuam a cometer erros semelhantes.
A informação do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, de que 7 Estados não têm seringas suficientes para aplicação das vacinas é um retrato disso. Ora, conseguimos chegar à etapa mais difícil, com o desenvolvimento das vacinas, mas vamos esbarrar na falta de seringas? O cenário é de um amadorismo sem tamanho…
Na lista dos Estados divulgada pelo Ministério está a Paraíba. A informação, porém, foi rapidamente rebatida pela gestão estadual. De acordo com a Saúde do Estado, temos hoje 250 mil seringas para a primeira etapa da vacinação. Mais 1,8 milhão estão sendo adquiridas por meio de edital, mas ainda sem previsão de chegada e o Ministério se comprometeu a enviar 400 mil.
Tendo por base a Paraíba, sendo verdadeira a informação do Estado e “antiga” a do Ministério, temos uma outra constatação: as gestões não se comunicam bem e não há uniformidade no panorama do país traçado diante da pandemia. O que é, por demais, desastroso para todos os lados.
Afinal, o inimigo (covid-19) continua reinando diante de um oponente que bate cabeça e corre o risco de esbarrar em seringas para combatê-lo.