Obras do Governo Bolsonaro na Transposição “não representam nem 1%” do projeto, avalia Sarmento

Confira alguns pontos da entrevista feita pelo Blog

Foto: reprodução/redes sociais
Obras do Governo Bolsonaro na Transposição "não representam nem 1%" do projeto, avalia Sarmento
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Hoje e amanhã o presidente Jair Bolsonaro (PL) faz uma peregrinação por quatro Estados nordestinos, visitando obras da Transposição do São Francisco. Para além das discussões sobre quem iniciou ou quem está finalizando as obras, o Blog conversou com um dos maiores especialistas em recursos hídricos do país – o paraibano e doutor em Engenharia Civil, Francisco Jácome Sarmento.

Ele participou diretamente da elaboração e de boa parte da execução do projeto e, em 2018, lançou o livro ‘Transposição do Rio São Francisco – Os bastidores da maior obra hídrica da América Latina’.

Conhece o tema como poucos, portanto.

Ao Blog, ele fez algumas considerações que merecem ser registradas.

Primeiro

A obra foi iniciada em julho de 2007. Estava estimada em R$ 4,3 bilhões, mas já consumiu mais de R$ 14 bilhões.

Segundo

Os serviços foram iniciados pelo ex-presidente Lula e, no Governo seguinte, também do PT, a obra demorou muito para ser concluída. “Dilma poderia ter concluído integramente essa obra”, analisou Sarmento.

Após isso, o ex-presidente Michel Temer (MDB) inaugurou o Eixo Leste da Transposição, em 2017, para salvar Campina Grande e outras 17 cidades de um colapso total no abastecimento.

“Fizeram uma gambiarra. Mas se não tivessem feito isso, Campina e as outras cidades tinham colapsado”, observou.

Finalização

O Governo Bolsonaro executou, de acordo com Sarmento, menos de 1% das obras do projeto. No total, segundo ele, foram 6 quilômetros de canal feitos. Os dois Eixos têm 700 quilômetros.

“Comparado ao que foi feito anteriormente é irrisório”, afirmou.

Por último

A obra corre o risco de ser transformada em uma ‘obra emergencial’. Mesmo após a parte física ter sido entregue no Eixo Leste, por exemplo, projetos complementares não saíram do papel e “a automação ainda não foi feita”.

“Os projetos complementares foram esquecidos. A gente tem uma obra de mais de R$ 14 milhões que só é utilizada em situações emergenciais”, alerta Sarmento.