Santiago diz que não viu Felipe Leitão comprar voto

Em depoimento ao juiz Aluízio Bezerra, da 64ª Zona Eleitoral de JP, Wilson Santiago falou como testemunha de defesa do vereador acusado de compra de votos nas eleições de 2008.

Aline Lins, do Jornal da Paraíba

O juiz Aluízio Bezerra, titular da 64ª Zona Eleitoral de João Pessoa, e o promotor de Justiça Amadeus Lopes ouviram na manhã da segunda-feira (4) o deputado federal Wilson Santiago (PMDB) como testemunha de defesa do vereador da capital Felipe Leitão (PRP), que responde a uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije nº 08) por suposto envolvimento com compra de votos nas eleições de 2008. Foram ouvidos também, na tarde de ontem, oito testemunhas arroladas pelo juiz.

“Eu me propus a ser testemunha porque, no dia da eleição, compareci à urna onde voto, no Altiplano Cabo Branco, e encontrei lá Felipe Leitão, de forma comum, sem cometer nenhum ato ilícito que ferisse a Justiça Eleitoral”, disse o deputado. “Tudo isso que se especula, eu particularmente não vi no dia da eleição”, garantiu o peemedebista. Para ele, as provas são frágeis contra Felipe Leitão.

“O depoimento do deputado federal Wilson Santiago trará mais subsídios ao processo, no sentido de que o vereador Felipe Leitão trabalhou dentro da normalidade e jamais praticou qualquer ato que viesse a ofender a Legislação Eleitoral”, defendeu o advogado de defesa, Fábio Brito.

O promotor de Justiça Amadeus Lopes disse que a Justiça Eleitoral fará um levantamento das informações de provas colhidas, bem como ainda algumas diligências e anexação de fitas ao processo. “Além de ter ajudado com o voto, pedi a alguns amigos para votarem”, informou o deputado federal Wilson Santiago, que negou ter participado da campanha de Felipe com qualquer financiamento.

“A ajuda em pedir voto é maior que qualquer financiamento”, frisou Santiago. Segundo o promotor Amadeus Lopes, o deputado Wilson Santiago foi arrolado pela defesa de Felipe Leitão “porque ele sabe efetivamente sobre os fatos que são atribuídos ao vereador Felipe Leitão”.

Amadeus explicou que as pessoas ouvidas na tarde de ontem foram arroladas pelo juiz, por isso, são chamadas de “testemunhas instrumentárias”. O promotor contou ainda que os depoimentos da tarde de ontem foram muito importantes para o processo e que as pessoas confirmaram o suposto envolvimento do vereador com o esquema de compra e venda de votos.

Com as oitivas de ontem, foi encerrada a fase de apuração com testemunhas, restando apenas a realização de diligência e o resultado da perícia em uma gravação onde Felipe Leitão aparecia conversando com outras pessoas sobre o suposto esquema.

A defesa de Felipe Leitão informou ontem que pediu ao juiz Aluízio Bezerra a realização de algumas perícias em áudios que constam na ação, mas o juiz ainda não se manifestou sobre o pedido. Para o advogado Fábio Brito, os áudios requerem análise quanto a sua autenticidade. “São os áudios que constam no inquérito policial e que também fazem parte dos autos da Aije”, esclareceu Amadeus Lopes.

O advogado Fábio Brito declarou que o vereador foi alvo de uma “orquestração tramada por inimigos políticos”, evidenciados nos autos do processo, negando que Felipe Leitão tenha comprado votos. Depois das oitivas, o juiz Aluízio Bezerra adiantou que serão feitas as alegações finais e, em seguida, será dada a sentença. “Será aberto vistas às partes para as suas alegações finais, será ouvido o Ministério Público e depois virá a sentença”, explicou Aluízio Bezerra.

No caso da Aije que apura suposta compra de votos pelo vereador de João Pessoa Sérgio da SAC, também do PRP, ainda haverá oitiva de duas testemunhas arroladas pelo juízo, para em seguida ocorrerem as alegações finais, o parecer do Ministério Público Eleitoral e a sentença. “Ambos os processos estão cumprindo os prazos previstos na Legislação, os procedimentos, e estão dentro da normalidade”, disse o juiz Aluízio Bezerra.