Segundo Renan, MP passou a fazer política e deixou de ser fiscal da lei

Delações são vazadas seletivamente para permitir um prejulgamento, disse ele.   

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse nesta terça-feira (13) que o Ministério Público “passou a fazer política” e que isso prejudica a função “de ser fiscal da lei”. Renan também fez críticas ao vazamento de delações premiadas na Operação Lava Jato.

“O Ministério Público infelizmente passou a fazer política, só política, e quando você faz política você perde a condição, definitivamente, de ser fiscal da lei”, disse em entrevista ao chegar ao Senado.

Renan Calheiros disse que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, colocou na força-tarefa da Operação Lava Jato três membros do Ministério Público rejeitados em sabatina pelo Senado Federal para o Conselho Nacional do Ministério Público e para o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e que “isso já demonstra o que ele [Janot] está pretendendo fazer com o Senado”. Os três membros do Ministério Público citados por Renan, no entanto, não integram oficialmente a força-tarefa da Lava Jato.

“De modo que as conduções coercitivas, as buscas e apreensões, o pedido de prisão, a prisão da polícia, a usurpação de competência, tudo é decorrente do fato do procurador-geral da República ter colocado como membros da força-tarefa três pessoas rejeitadas pelos senadores”, disse Renan.

As declarações do presidente do Senado foram feitas após questionamento de jornalistas sobre notícias divulgadas na imprensa de que o nome de Renan teria aparecido na delação do ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho.

Renan disse que as delações “são vazadas seletivamente para permitir um prejulgamento”. “O importante é que se conheça o teor das delações, sejam homologadas ou não homologadas, para que o país acompanhe com dados, com contra-argumentos. Não é isso que está acontecendo no Brasil”.

Em relação às notícias de que teve o nome citado na delação de Melo Filho, Renan disse considerar o fato um absurdo. “Você tem o nome citado porque alguém interpretou que alguém falaria em seu nome. Isso é um absurdo. Isso só serve para alimentar o noticiário e permitir um prejulgamento das pessoas”, disse.

Renan também comentou a primeira denúncia derivada da Operação Lava Jato protocolada contra ele ontem (12) no Supremo Tribunal Federal pelo procurador-geral da República. O presidente do Senado negou ter cometido crimes ou irregularidades e disse que está absolutamente tranquilo em relação às investigações.