Ex-ministro Pazuello, “Pinóquio” de Bolsonaro, pode ser reconvocado pela CPI da Covid-19

Por LAERTE CERQUEIRA e ANGÉLICA NUNES

Ex-ministro Pazuello, "Pinóquio" de Bolsonaro, pode ser reconvocado pela CPI da Covid-19
Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

A situação já não estava boa para o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, acusado de mentir em depoimento da CPI da Covid-19. Ontem (23), após participar de ato público em favor do presidente Jair Bolsonaro, no Rio de Janeiro, só atiçou ainda mais o desejo dos senadores de reconvocá-lo para um novo momento na Comissão.

Como general da ativa do Exército nem poderia participar do evento político, ainda mais sem máscara e contribuindo com a aglomeração. Por isso, pode ser punido pelas Forças Armadas. Se já estava “reformado”, na última sexta, foi como civil e pode retornar à CPI nessa condição. O que pode mudar completamente o posicionamento dos senadores.

Na última participação, Pazuello, na medida do possível, conseguiu proteger o presidente. Mas, também, escorregou e conseguiu comprometer o governo, em alguns pontos.Ex-ministro Pazuello, "Pinóquio" de Bolsonaro, pode ser reconvocado pela CPI da Covid-19

Um deles foi quando disse que tratou pessoalmente com o presidente sobre negociação com a Pfizer. Negociação que começou ano passado, não avançou, e só se concretizou em março deste ano.

À imprensa, o presidente da comissão parlamentar de inquérito, Omar Aziz (PSD-AM), já disse que há requerimento para ouvi-lo novamente, que deve ser apreciado pelo colegiado na quarta-feira (26).

Pelo Twitter, o senador Otto Alencar (PSD-BA) disse: “Pazuello será reconvocado para depor na CPI”, sentenciou o representante da Bahia.

Pinóquio de Bolsonaro 

Pazuello é acusado de mentir em vários pontos do depoimento à CPI semana passada. Entre elas, quando disse que não recebeu ordens do presidente para cancelar compra da Coronavac.

O ex-ministro afirmou que o aplicativo TrateCov, plataforma que prescrevia o chamado tratamento precoce, não chegou a ser distribuída aos médicos. Mas foi lançada em evento oficial do governo e entrou em operação.

E ainda, apesar de o ex-ministro ter dito que não haveria a possibilidade de o Ministério da Saúde interferir na execução das ações de estado da saúde, os senadores apontaram que Pazuello, em evento com Bolsonaro no dia 11 de janeiro, confirmou a atuação pelo “tratamento precoce”.

Foram, no total, 15 mentiras registradas pela Comissão e desmentidas com declarações, vídeos e documentos. Por isso, o ex-ministro já começou a ser chamado de “Pinóquio de Bolsonaro”.

Com certeza é um bode expiatório. Será indiciado e, se brincar, o único punido.