Infectologista alerta para subvariante mais contagiosa da ômicron e importância da vacinação

Com o aumento do número de casos de Covid-19 no estado, infectologista ressalta poder de contágio da BQ.1, subvariante da ômicron.

Foto: divulgação/CRM-PB

A Paraíba voltou a ter um aumento no número de casos suspeitos de Covid-19 entre as semanas 42 e 45 de 2022, de acordo com último levantamento feito pela Secretaria de Estado de Saúde, na segunda-feira (7). Diante disso, o infectologista Fernando Chagas, diretor do Hospital Clementino Fraga, falou ao JORNAL DA PARAÍBA sobre o alerta em volta da nova subvariante da ômicron, BQ.1, que é mais contagiosa, apesar de ainda não haver confirmação oficial quanto à sua circulação em território paraibano. 

Ser uma subvariante significa que tem características da ômicron, de material genético, com algumas diferenças. Uma dessas mudanças, por exemplo, são alterações nos receptores de entrada do vírus, fazendo com que esta variante seja ainda mais transmissível do que a ômicron”, ressaltou o infectologista. 

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Por conta dessa alteração nos receptores, o médico explicou que o vírus desta mutação tem um mecanismo de escape da resposta imunológica gerada pela vacina, o que, no entanto, não deixa as pessoas imunizadas evoluírem para casos graves, mas passem a ter sintomas mais leves. “Provavelmente você não vai evoluir para forma grave, por dois motivos. Primeiro, muita gente já teve contato com o vírus, e teve a doença duas, três vezes, e o risco para evoluir para caso grave é menor. E o segundo motivo, a própria vacinação”, disse. 

O médico afirmou que o vírus “fugir” da depuração da vacina ainda é uma possibilidade, e que não pode cravar essa nova característica da doença com o surgimento da BQ.1. “Tudo indica, eu não posso bater o pé, já que é uma coisa que a gente ainda está começando a entender, que essa variante faz essa diminuição na depuração do vírus. Você pode não evoluir para forma grave, mas possivelmente vai apresentar sintomas”, ressaltou. 

Outro ponto levantado é de que o contexto atual traz também outras doenças que elevam o número de casos de problemas respiratórios ao mesmo tempo. “Muitos outros vírus estão em circulação, causando também outras doenças respiratórias. Então o momento agora é de se cuidar, para evitar que o número de casos suba ainda mais”. 

Vacinação

Fernando ainda destacou a importância da vacinação diante do surgimento de novas variantes que podem trazer condições diferentes de combate ao Covid-19. “A vacina tem a capacidade de depurar o vírus, e de diminuir a possibilidade e a probabilidade de se fazer presente na mucosa nasal, que é a partir de onde ele é transmitido, e você transmite por menos tempo. É por isso que a vacina diminui a circulação do vírus”. 

Para exemplificar a importância da vacinação, Fernando falou sobre um acontecimento particular do hospital onde trabalha – o Clementino Fraga, referência no tratamento da Covid-19 em João Pessoa -, ressaltando que quem está internado atualmente acometido pela doença em sua grande maioria são os que não estão imunizados.

Dos 10 pacientes que eu tenho internados agora, só um está vacinado. Nove não estão, sem dose alguma, inclusive. Os dois que estão na UTI não têm dose alguma da vacina”, destacou. 

Covid longa

O infectologista também falou sobre a ‘Covid longa’, ou seja, as sequelas de quem pega a doença e pode carregar durante muito tempo. “Existe a Covid longa, você pode ficar com sequelas, perder paladar e olfato por muito mais tempo, ou ficar sem, você pode ter esquecimento, queda de cabelo, enfraquecimento das unhas, as mulheres terem descontrole hormonal, menstrual”, disse. 

Diante disso, o médico ainda explicou que o ideal é evitar se contagiar com o vírus, se utilizando das táticas que são ressaltadas pelos especialistas desde o começo da pandemia. “Se você é idoso, tem comorbidade, usa máscara quando for sair para aglomerações ou lugares muito cheios, se está sintomático não saia de casa, ou coloque a máscara para não passar à frente, e lembrar da higienização das mãos”, concluiu. 

Morte pela subvariante BQ.1 em SP

Nesta terça-feira (8), São Paulo confirmou a primeira morte pela subvariante BQ.1, de uma idosa de 72 anos, que morreu no dia 17 de outubro e ficou 7 dias internada em um hospital no estado, e somente agora foi revelado o tipo de Covid-19 pela qual foi acometida. 

A Secretaria de Estado de Saúde (SES) confirmou ao JORNAL DA PARAÍBA que ainda não há casos suspeitos de BQ.1 sendo investigados no estado e também que nenhuma morte foi confirmada pela subvariante até o momento. 

A SES também informou que aumentou o número de casos graves da Covid-19 no estado. Somente neste início de mês de novembro, 10 pacientes já deram entrada na rede hospitalar da região, número que corresponde ao total de internações de todo o mês de outubro.