Transtornos de ansiedade e depressão: ‘essas situações impactam, gerando sofrimento e limitação’

Saúde mental é tema do programa Paraíba Comunidade deste domingo (25) nas TVs Cabo Branco e Paraíba.

Foto: Simran Sood/Unsplash

Depressão e ansiedade estão entre os transtornos psiquiátricos mais comuns no Brasil. O psiquiatra Charlles Lucena explica quais os sinais de alerta, a importância do diagnóstico correto e os tratamentos adequados.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), no relatório “Depressão e outros Transtornos mentais comuns” de 2017, o Brasil é o país com a maior prevalência de ansiedade (9,3%), 18,6 milhões de pessoas, e possui 11,5 milhões de brasileiros com depressão (5,8%). Ainda segundo a OMS, os casos aumentaram mais de 25% apenas no primeiro ano da pandemia.

Segundo o psiquiatra Charlles Lucena, a depressão é um transtorno de humor que se caracteriza, principalmente, por um humor deprimido associado a uma anedonia, sensação de falta de prazer em atividades que antes eram prazerosas. Já a ansiedade está em diversos transtornos, como o transtorno de ansiedade generalizada, transtorno do pânico, fobia social e específica, se caracterizando por reações físicas e psicológicas agudas e desconfortáveis.

É normal se sentir ansioso antes de uma prova ou de uma apresentação importante, mas a ansiedade deixa de ser comum quando começa a vir descontextualizada, sem uma razão importante para justificá-la de forma desproporcional e exagerada.

A pessoa deixa de fazer determinadas coisas com medo de apresentar crises. Essas situações impactam, gerando sofrimento e limitação”, explica o psiquiatra.

Os transtornos podem chegar a apresentar sintomas físicos. Na depressão podem haver sintomas de dor e fadiga. Os transtornos de ansiedade podem apresentar diversos sintomas físicos, como taquicardia, palpitação, tremor, sudorese, sensação de desmaio. “Esses quadros podem se tornar mais graves a partir do momento em que trazem sofrimento para o paciente e que repercute negativamente na sua funcionalidade”, fala Lucena.

Transtornos de ansiedade e depressão: 'essas situações impactam, gerando sofrimento e limitação'

Geralmente, pessoas na faixa etária entre 15 e 35 anos tem mais possibilidade de apresentar esses sintomas, mas o transtorno pode apresentar-se em qualquer idade, desde crianças até idosos. “Todos nós somos vulneráveis a apresentar quadros de depressão e ansiedade independente da idade”, relata Charlles Lucena.

Pode existir uma predisposição genética para desenvolvimento do transtorno de depressão e ansiedade. Não há uma causa específica e os transtornos são multifatoriais, onde causas ambientais, sociais, culturais, biológicas e psicológicas estão envolvidas. “A genética conta sim. Em famílias que têm muitos casos de depressão e ansiedade existe uma predisposição maior”, informa.

Segundo o psiquiatra. Não é incomum pacientes apresentarem quadros ansiosos e depressivos simultaneamente. Também podem estar associados a outros transtornos de humor e personalidade, como o transtorno bipolar e o borderline, respectivamente.

Uso e abuso de substâncias psicoativas, como o álcool e outras drogas. E podem estar associados inclusive a transtornos físicos, como hipertensão, diabetes e doenças crônicas, informa Lucena.

O diagnóstico para depressão e ansiedade é clínico, dado em avaliação clínica por um médico especialista, no caso um psiquiatra, com base em sinais e sintomas que o paciente apresenta. 

Tratamento

O tratamento depende de cada caso, dependendo da gravidade do quadro depressivo ou da gravidade do quadro ansioso. Em quadros mais leves, a psicoterapia é a melhor ferramenta de tratamento. Em casos mais graves, essa psicoterapia vem associada ao uso de medicamentos, geralmente antidepressivos, anti ansiolíticos e estabilizadores de humor. “Associadas a essas medidas terapêuticas, atividade física é sempre recomendada e uma rotina saudável”, recomenda.

O tratamento tem início, meio e fim. Os casos leves ou moderados, são tratados por certo período de tempo, geralmente duram alguns meses. Em casos mais graves, o tratamento tem uma extensão maior. “Os casos de tratamento contínuo são a minoria”, comenta Charlles.

Família e amigos podem ajudar acolhendo, ouvindo, entendendo, percebendo as queixas. Observando se há alterações na rotina, no humor e diante da percepção dessas, sugerir, orientar, levar o paciente há um acompanhamento de saúde, um psicólogo ou psiquiatra, para que o tratamento seja iniciado o mais precoce possível, evitando o agravamento”, fala.

Em momentos de crise é importante que as pessoas estejam em lugares seguros, onde se sintam confortáveis e protegidas. É importante também que a pessoa esteja em tratamento médico psicológico para que ela entenda técnicas e formas para se acalmar, como técnicas de respiração e relaxamento.