CULTURA
Santa Roza: 120 anos de muita história para contar
Quinto mais velho teatro do Brasil em funcionamento, o Teatro Santa Roza tem 12 décadas de celebração ao teatro e às artes cênicas.
Publicado em 01/11/2009 às 10:02
Astier Basílio
Do Jornal da Paraíba
Era um domingo. No longínquo 1889. Dia 3 de novembro. Às 21h, a capital da Paraíba vivia um momento histórico. Após 17 anos do assentamento da pedra fundamental, a tão sonhada casa de espetáculos tinha suas portas abertas. Mais de 500 pessoas compareceram à festa de inauguração do Theatro Santa Roza.
A solenidade de inauguração contou com a execução de um trecho da ópera Norma, do compositor italiano Vicenzo Bellini, interpretada ao violino pelo músico Plácido Cézar. O programa da noite contou, ainda, com uma variação da ópera de Verdi, Luísa Miller, com Laurentino Nunes de Sousa.
A festa de inauguração foi animadíssima. O presidente da província, cargo equivalente ao de governador, era o gaúcho Francisco Luís da Gama. Terminada a parte artística, teve início um baile até as duas horas da manhã. A dança foi interrompida para o banquete. Seguiram-se brindes, saudações. A festança continuou até, pasmem, seis horas, “com o sol nascendo glorioso”, como anunciou matéria da Gazeta da Parahyba, noticiando o evento.
Os paraibanos, certamente, devem ter erguido suas taças em honra de sua majestade, o imperador, Dom Pedro II, bem feitor das artes cênicas que no final do seu reinado vinha inaugurando, em vários Estados do Brasil, casas de espetáculo. Duas semanas depois, a República seria proclamada, a família real destituída e um novo presidente assumiria a província.
Quinto mais velho teatro do Brasil em funcionamento, o Teatro Santa Roza tem 12 décadas de celebração ao teatro e às artes cênicas. Nesse período, o Santa Roza recebeu grandes nomes do teatro brasileiro, como Dercy Gonçalves, Maria Della Costa, Paulo Autran. Quem esteve por aqui também foi o grande jornalista e crítico de teatro Paulo Francis, jovem ainda, no seu curto período como ator, sob a direção de outro vulto do teatro brasileiro, Paschoal Carlos Magno. Isso sem falar em espetáculos memoráveis, como Macunaíma, adaptação do romance de Mário de Andrade e obra-prima de um dos nossos mais festejados encenadores, Antunes Filho.
O Santa Roza também foi palco de tragédias. O mágico sueco John B. Miller morreu em um acidente enquanto ensaiava. Quando a Paraíba foi sacudida pelos tiros da Revolução de 30, curiosamente, a Assembleia Legislativa estava em reformas e as suas atividades, no biênio 1929/1930, foram realizadas lá no teatro. A sessão em que houve a mudança do nome da capital e da bandeira foi realizada lá.
Estas e outras histórias serão contadas ao longo da semana em uma série de matérias do JORNAL DA PARAÍBA. Na próxima terça, dia do aniversário do Teatro Santa Roza, tem início a programação comemorativa pelos seus 120 anos.
Leia mais na edição de domingo do Jornal da Paraíba.
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