CULTURA
Cinema popular brasileiro
Cresce procura por filmes dublados nos cinemas brasileiros, dados apontam que exibições dubladas aumentaram em 75% no país.
Publicado em 24/01/2012 às 6:30
Se Herbert Richers (1923-2009) estivesse vivo, estaria rindo à toa.
Um dos pioneiros da dublagem na América Latina, lembrado por gerações de cinéfilos pelas suas 'versões brasileiras' para a televisão, Richers se orgulharia ao saber que, ano passado, um total de 77 filmes dublados entraram em cartaz no Brasil.
Para se ter uma ideia do que isso representa para o mercado nacional de cinema, basta saber que em 2010 apenas 44 produções estrangeiras estrearam sem legendas em salas tupiniquins, o que significa um crescimento de 75% na propagação de filmes dublados pelo país.
Os dados são da Rentrak (uma espécie de Ibope da audiência internacional de cinema), mas podem ser facilmente comprovados em uma rápida olhada em nossa agenda cultural, por exemplo.
Três novos filmes entraram em cartaz no circuito paraibano desde a sexta-feira passada: Dois Coelhos (leia a crítica na página 5), A Música Segundo Tom Jobim e As Aventuras de Tintim: O Segredo de Licorne.
Este último, o único estrangeiro da leva semanal, estreou em cinco salas em João Pessoa e uma em Campina Grande.
Na capital, a predominância é das cópias dubladas: são três, contra duas legendadas.
Em Campina Grande, As Aventuras de Tintim só poderão ser acompanhadas nas vozes dos dubladores brasileiros (diferentes, por sinal, dos que deram voz aos personagens de Hergé quando conhecidos na animação exibida na década de 1990 pela TV Cultura).
Avaliando o restante da agenda, mais seis longas-metragens estrangeiros podem ser vistos nas duas cidades. Com uma média de duas cópias cada um, são doze rolos de película distribuídas pelos quatro complexos de cinema: cinco cópias legendadas, sete dubladas.
Dados apontam para uma rejeição do público brasileiro pelos letreiros velozes no parte inferior das telas: em pesquisa encomendada em julho do ano passado pela Datafolha, 56% dos frequentadores ocasionais de salas de exibição (aqueles que vão a elas, em média, uma vez por mês) declararam dar preferência aos dramas e comédias dublados.
Os fãs mais ortodoxos da sétima arte podem ficar ressabiados, mas os números revelam algo salutar no que diz respeito não só à economia nacional como à saúde da indústria cinematográfica.
A propalada ascensão social da 'classe C' tem levado mais pessoas ao cinemas.
A pesquisa mais recente do gênero é clara: os cinemas brasileiros venderam 141,6 milhões de ingressos em 2011. A marca é 5% maior que o registrado no ano anterior.
A arrecadação também cresceu exponencialmente. O balanço das empresas do segmento demonstraram um faturamento de R$ 1,4 milhão no quesito bilheteria. É o maior recorde já alcançado em um período de três décadas.
A alta também foi observada na multiplicação dos projetores do Oiapoque ao Chuí. Ano passado, 200 novos cinemas foram inaugurados, em sua maioria na região do Nordeste e na periferia das grandes metrópoles como o Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília.
No caso da Paraíba, surgiu o CinEspaço que, em João Pessoa, trouxe a proposta de levar "uma nova cultura cinematográfica" aos seus espectadores, como informado em seu site.
A reportagem do JORNAL DA PARAÍBA entrou em contato com os escritórios das três empresas de cinema atuantes no Estado: o CinEspaço, o Box Cinemas e o CineSerca, na intenção de fazer um levantamento local de questões como o aumento ou diminuição do público e da arrecadação, prevendo inclusive um comparativo entre filmes nacionais e estrangeiros, e entre as cópias dubladas e legendadas.
Em um prazo de quinze dias estipulado pela reportagem, porém, nenhuma das empresas enviou o material requisitado.
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