CULTURA
Saindo dos bastidores
Vigoroso, movimento teatral do interior do Estado tenta superar problemas de circulação para mostrar a cara nos palcos.
Publicado em 05/02/2012 às 8:00
O Núcleo de Pesquisa e Experimentação Teatral (Pinel) tem sede na cidade de Campina Grande.
Seus seis integrantes - quatro atores, um diretor e um dramaturgo - ensaiam no Teatro Municipal Severino Cabral, um espaço que, ano passado, passou por uma reforma estrutural e foi reinaugurado em abril.
Como Se Fosse (Im)Possível Ficar Aqui, primeira montagem do grupo, teve curta temporada em João Pessoa na semana passada, depois de alguns ensaios abertos realizados ao longo de 2011.
O espetáculo se baseia nas idas e vindas de alguns personagens que anseiam fortemente abandonar seus lugares de origem, mas são confrontados com a dura necessidade de permanecer neles.
Se Beethoven Ulianov não fosse, apesar do nome inusitado, um personagem da vida real, membro de um outro grupo de teatro, em Cajazeiras, ele bem que poderia fazer parte desta história.
Ulianov é diretor de Domingo no Bar do Couro, da Cia.
Proscênio. Seu elenco ensaia no Teatro Íracles Pires, que semana passada completou 27 anos e vai ganhar de presente uma reforma estimada em R$ 1,8 milhão pelo Governo do Estado.
Sem recursos, porém, a Cia. Proscênio, terceiro lugar na 16ª Mostra Estadual de Teatro e Dança, não tem condições de viajar até a Bahia para atender a um convite feito quando se apresentaram no evento, ano passado.
"O teatro no interior passa por uma grande dificuldade: os atores geralmente têm que ter outro emprego para se sustentar e, se ficam um mês em turnê, correm o sério risco de voltar para casa desempregados", conta Ulianov, ele próprio um funcionário público.
Duílio Cunha, diretor do Pinel, tem uma visão mais otimista do teatro que está sendo feito fora de João Pessoa, segundo ele ainda, o eixo de uma cena teatral que precisa de uma maior articulação.
Professor da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) em Sumé, onde está formando um núcleo de dramaturgia com estudantes do curso de Educação do Campo, Cunha atesta a saúde de grupos teatrais em cidades como Sousa, onde o Centro Cultural Banco do Nordeste atuou como um catalizador do movimento artístico local.
"Infelizmente estes grupos não conseguem circular, até mesmo os de Campina Grande, onde temos oito grupos que estão consolidando uma cena da qual certamente teremos notícia futuramente", afirma o diretor, que destaca como engrenagens desta cena os nomes dos parceiros Diógenes Maciel e Chico Oliveira.
Além de ator do Pinel, Chico Oliveira é diretor de Última Estação, que estreou ano passado no Museu Assis Chateaubriand, em Campina.
Juntamente com Eduardo II, da Cia. Satyricon, Última Estação foi uma das peças campinenses de maior repercussão em 2011.
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