Cooperativa garante sustento para 82 famílias de agricultores ao livrá-las dos atravessadores

Um exemplo de cooperação em atividades produtivas tem gerado renda e garantido o crescimento social para 82 famílias, que moram no assentamento Zumbi dos Palmares, na zona rural do município de Mari, na região da Mata Paraibana. Organizadas em cooperativa, as famílias encontraram no campo, a partir do cultivo de hortaliças e frutas, a solução para se manter e superar o momento negativo da economia. Tudo acontece através da produção em grupo e a organização da comercialização em cooperativa.

O cultivo, segundo o presidente da Cooperativa de Produção Agropecuária do Assentamento Zumbi dos Palmares (Coopaz), Leonilson Vicente, é feito pelas famílias em uma área de 600 hectares, com divisão igual para todos. “Cada família tem sete hectares para produzir, elas se organizam em grupo, e ao final, cada uma separa o resultado de seu trabalho. Pela cooperativa fazemos o trabalho de preparação do solo, a partir do uso de máquinas, e depois articulamos o processo de comercialização”, comentou.

O assentamento Zumbi dos Palmares, em Mari, foi fundado no ano de 1998, mas a criação da Coopaz aconteceu apenas seis anos depois, em novembro ano de 2004. “O início do assentamento foi muito difícil, porque a produção não gerava renda suficiente para as famílias, sofremos muito com os atravessadores. Desse contexto surgiu a necessidade de criação da cooperativa e a partir desse momento conseguimos avançar no trabalho coletivo”, revelou  Leonilson Vicente.

Com a criação da cooperativa, às famílias se organizaram e o trabalho antes feito de maneira isolada, começou a ser articulado em grupo. Elenisse Silva, é uma das sócias fundadores da Coopaz e mora no assentamento desde a conquista do termo de posse na propriedade. Ela herdou dos pais o trabalho no campo e revela que a fórmula para o resultado positivo do trabalho em cooperação é a organização coletiva. “Hoje todas às famílias conseguem viver bem, isto é, cada uma tem sua renda e sabe como trabalhar para garantir o sustento econômico. O trabalho associado à união de todos garantiu um novo tempo para o assentamento”, contou.

O regime de trabalho dos cooperados tem como base a política de Economia Solidária, que funciona como uma espécie de corrente em formação de um grande grupo com capacidade de autogestão. Nas vendas, um produto complementa o outro e todos ganham no final da negociação. Isso também inclui princípios de respeito à natureza e busca por preços justos na venda ao consumidor.  “Esse modelo é um conceito que todos os cooperados obedecem, graças a este meio, conseguimos nosso espaço e temos hoje mais dignidade, ou seja, podemos negociar sem a necessidade de recorrer a uma terceira pessoa. O consumidor ganha também porque os produtos têm preços justos” comentou Elenisse Silva.

Segundo a diretoria da Coopaz, o primeiro ano de atividade no assentamento Zumbi dos Palmares rendeu um faturamento de R$ 10 mil anual para os cooperados, número que aumentou para R$ 350 mil no ano de 2017. “Esse crescimento ocorreu pela dedicação das famílias e o aperfeiçoamento das atividades buscado pela cooperativa para o desenvolvimento de cada ação dentro do assentamento”, lembrou Leonilson Vicente.

Os alimentos produzidos pela Coopaz são comercializados em feiras livres nas cidades de Sapé, Mari e João Pessoa. Os produtos também são distribuídos para outros municípios da região, através do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). "Saímos de uma realidade local de comercialização para atender uma parte da região e isso nos motivou bastante, porque fez crescer o orçamento da cooperativa, sobretudo, a partir da inclusão do fornecimento de alimentos para programas sociais nos municípios. Além da geração de renda para às famílias, a cooperativa tem hoje uma sede própria no assentamento, incluindo, um trator que auxilia no trabalho de preparação do solo, pago com recursos conquistados pelos próprios sócios", explicou o presidente da Coopaz.