ECONOMIA
Mais de 29% das lojas pretendem demitir em Campina Grande
No item ‘Expectativa Empresarial para o 3° Trimestre’, 29,2% dos proprietários de estabelecimentos comerciais afirmaram que pretendem demitir funcionários.
Publicado em 14/08/2009 às 9:23
João Paulo Medeiros
Do Jornal da Paraíba
Uma pesquisa de indicadores gerenciais realizada pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Campina Grande, divulgada na tarde de ontem, revelou números preocupantes para a manutenção do emprego no comércio do município. No item ‘Expectativa Empresarial para o 3° Trimestre’, 29,2% dos proprietários de estabelecimentos comerciais afirmaram que pretendem demitir funcionários nos últimos três meses do ano. No mesmo questionamento, 12,5% disseram que talvez demitirão e 58,3% responderam que não.
Atualmente, de acordo com o Sindicato dos Comerciários do município, o comércio possui 5,8 mil trabalhadores. Considerando os seis primeiros meses deste ano, o número de contratações realizadas no comércio superou as demissões. Foram 2.348 novos contratos frente a 2.099 dispensas, um saldo de 249 empregos.
Os dados são complementados ainda com expectativas negativas dos comerciantes em relação ao crescimento de suas empresas e dos negócios para o mês atual. 70,8% responderam que acreditam que os negócios deverão melhorar pouco, e 58,3% esperam que o faturamento das empresas deve ter queda ou ficará estável no mesmo período. A pesquisa foi feita com 60 empresários cadastrados junto à instituição.
Apesar dos números indicarem perspectivas negativas, o presidente da CDL campinense, o empresário Tito Motta não acredita que o quadro irá se concretizar. “Eu acredito que as demissões não irão acontecer. Os empresários podem ter respondido tomando por base o mês de agosto, que tradicionalmente, juntamente com setembro, registra baixa no comércio”, explicou.
Ainda conforme o dirigente lojista, todos os indicadores econômicos indicam que o ano terminará com números positivos na geração de empregos e no faturamento do comércio, tanto em âmbito nacional como local. “Nós tivemos um Dia das Mães considerado muito bom. As vendas do São João foram muito positivas, e no Liquida Campina, tivemos um crescimento de 37% em relação ao ano anterior. Além disso a taxa de juros continua caindo e a confiança do consumidor tem crescido”, observou.
O empresário José Marley de Sousa, que possui três lojas de calçados na cidade e mais de 20 funcionários, disse que não pretende demitir até o final deste ano. “As expectativas de final do ano são ótimas, e inclusive estamos na contramão da crise”, ressaltou. Ele explicou, porém, que “em alguns setores as vendas geralmente caem nos meses de agosto e setembro”.
Outro detalhe que segundo a CDL pode ter gerado repercussão nos números são os empregos temporários. “E temos que ter em mente também que nesse período estão sendo encerrados os contratos feitos para épocas como o São João, e isso pode ter influenciado os empresários”, considerou Tito Motta.
O presidente do Sindicato dos Comerciários, José do Nascimento Coelho, lembrou que não há justificativas para a tendência expressada pelos empresários. “As vendas do comércio têm aumentado”, argumentou. Para ele, a perspectiva de demissões pode ter como pano de fundo o período da data-base. “A nossa data-base é novembro, e o empresariado começa a divulgar esse tipo de tendência na tentativa de dizer que não poderão dar reajustes”, enfatizou o sindicalista.
Protesto
Cerca de 300 integrantes de movimentos sociais e sindicatos ligados à Central Única de Trabalhadores (CUT) e à Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) realizaram mais um protesto, na tarde de ontem, em frente à fábrica Alpargatas em Campina Grande. Os manifestantes pediram o fim de demissões que, segundo eles, teriam se iniciado no dia 2 deste mês. De acordo com os sindicalistas, pelo menos 150 funcionários teriam sido desligados da empresa, e a expectativa é de que 1.400 sejam demitidos.
Uma das integrantes da CTB, a estudante Antônia da Silva, que participou do movimento, contou que: “Na minha casa, foram pelo menos cinco esta semana pedindo ajuda, contando que tinham recebido a demissão”.
O vice-presidente da CTB na Paraíba e presidente do Sindicato dos Comerciários de Campina Grande e Região, José do Nascimento Coelho, observou que o quadro econômico brasileiro está otimista, mesmo “assim as empresas continuam demitindo”. A empresa foi procurada pelo Jornal da Paraíba, mas por telefone informou que não irá se pronunciar sobre as demissões nem sobre o protesto.
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