ECONOMIA
São Bento sofre com importação de produtos chineses
Compras de produtos chineses vêm causando queda nas vendas dos comerciantes locais. Importações no município cresceram 76% este ano.
Publicado em 04/11/2011 às 7:30
Com uma população superior a 30 mil habitantes e PIB (Produção Interno Bruto) de US$ 137 mi, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o município de São Bento, no Sertão paraibano, tem uma vocação já conhecida em todo o país: produz por ano cerca de 12 milhões de redes. Mas o mercado local tem sofrido este ano com fortes importações, principalmente com a 'invasão' de produtos chineses, causando prejuízos para o setor têxtil da cidade.
Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) mostram que as importações no município de São Bento este ano, assim como na Paraíba, batem recorde. De janeiro a setembro, as importações atingiram US$ 4,8 milhões, alta de 76,05% sobre o mesmo período do ano passado (US$ 2,7 mi). Já as exportações quase que inexistiram neste ano e amargam queda de 95% nos nove meses. A única exportação de São Bento aconteceu em agosto. O valor foi de apenas US$ 2,1 mil dólares. Em 2010, as exportações ficaram apenas em US$ 49,8 mil. O dólar em baixa favorece as importações que deixam os preços dos produtos importados mais baratos sobretudo os chineses, que além de terem custos trabalhistas bem inferiores ao do Brasil, ficam mais 'atraentes' .
Proprietário de uma loja especializada na fabricação e venda de redes, o empresário Joacil Araújo contabiliza os danos. “Nos últimos dois meses o comércio caiu pela metade. A gente compra matéria-prima de primeira, fabrica produtos de qualidade, mas é forçado a aderir a esses outros itens porque o mercado chinês tem tomado de conta das feiras livres e o consumidor vai pelo preço”, desabafa com tristeza.
Produtos sintéticos chineses como mantas, toalhas, tapetes e redes chegam com menor preço, mas com qualidade inferior.
“Uma rede de boa qualidade custa até R$ 450, mas possui produto de qualidade e garantia com durabilidade. Já as que chegam da China são vendidas por R$ 45, sem qualquer garantia”, explicou a vendedora Alcilene Gadelha Gomes, que há três anos trabalha na comercialização de redes no município. “Eu nunca tinha visto um momento difícil como esse. Todo mundo vem reclamando”, diz Araújo.
A 'invasão' dos produtos têxteis chineses no mercado paraibano não é um problema apenas de São Bento, segundo informou o presidente do Sindicato da Indústria de Fiação e Tecelagem em Geral do Estado da Paraíba, Magno Rossi, ao afirmar que o setor têxtil enfrenta dificuldades devido a “importação desenfreada dos produtos” chineses.
“Isso vem acontecendo não só em São Bento. Há muito tempo estamos alertando para esses danos. O fato é que esse tipo de situação vai acabar causando desemprego e o fechamento de empresas paraibanas, que investem no Estado. Essa realidade nos preocupa muito”, alertou Magno Rossi, que também é diretor-executivo da Coteminas em João Pessoa.
“Este ano enfrentamos algumas dificuldades na macroeconomia como a retração do mercado e com as linhas de financiamento, mas aos poucos as coisas estão voltando ao normal”, diz Magno Rossi.
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