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VIDA URBANA

Tavinho alerta para colapso na reserva de água doce na Grande JP

Alerta foi feito na manhã desta terça-feira (7) pelo vereador Tavinho Santos (PSB) durante pronunciamento da tribuna da Câmara Municipal de João Pessoa.

Publicado em 07/04/2009 às 15:45

Da Assessoria

Municípios polarizados pela cidade de João Pessoa correm o risco de, num curto espaço de tempo, ter que conviver com o racionamento de água, com um eminente colapso na reserva de água doce superficial. O alerta foi feito na manhã desta terça-feira (7) pelo vereador Tavinho Santos (PSB), líder do prefeito Ricardo Coutinho (PSB), durante pronunciamento da tribuna da Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP).

“Temos que discutir o abastecimento de água na Grande João Pessoa, lembrando o racionamento de água por qual a cidade passou nos anos de 1995 e em 1997, quando o que salvou a situação foram as perfurações de poços de até 180 metros de profundidade em busca de água potável”, lembrou Tavinho, enfatizando que as barragens que abastecem a região da Capital precisam de mais atenção por parte dos governos.

“Os rios que alimentam as barragens de Marés e de Gramame-Mamuaba, que abastecem João Pessoa, estão com suas reservas hídricas muito aquém da necessidade da região”, alertou Tavinho, acrescentando: “Gramame-Mamuaba não é perene, porque 95% da mata ciliar da área foram devastadas para o plantio da cana-de-açúcar”. Ele ainda destacou: “Se não nos preocuparmos agora, as gerações futuras pagarão caro”.

Reservas em baixa

A população da Região Metropolitana de João Pessoa já ultrapassa a casa de um milhão de habitantes. Pelos padrões da Organização das Nações Unidas (OMU), o ideal é de 1,5 mil metros cúbicos de reserva de água doce por habitante. No caso de João Pessoa, as reservas deveriam ser de 1 bilhão de metros cúbicos. E hoje, as disponibilidades dos mananciais de Gramame-Mamuaba e Marés, respectivamente, são de 66 milhões de metros cúbicos e 2,5 milhões de metros cúbicos, perfazendo um total de 68,5 milhões de metros cúbicos. “Ou seja, bem abaixo do ideal definido pela ONU”, aponta Tavinho.

“Nossa reserva hídrica de água doce superficial é muito pequena. Essa situação exige que os Rios Gramame-Mamuaba e Marés sejam perenes e com uma vazão superior a 3 metros cúbicos de água por segundo”, informa Tavinho, ao repassar as informações fornecidas pelo diretor técnico Laudízio Diniz da Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba (Aesa).

De acordo com o técnico, a bacia hidrográfica do Rio Gramame-Mamuaba, que abastece o maior reservatório de água de João Pessoa, foi 95% desmatada para o plantio de cana-de-açúcar. “Isso é muito grave porque só existe rios perenes onde existem matas para ajudarem na alimentação do lençol freático, que alimentam as surgências (nascentes) e formam os rios”.

Sem matas, além de não existirem as surgências, diminuem as chuvas. E um rio para ser perene depende de três fatores: chuvas, matas e solos profundos. “Segundo os técnicos, nós só temos garantido um desses fatores: o solo profundo, já que a Grande João Pessoa é composta de uma espécie de ‘sanduíche’, ou seja: uma camada intermediária de 40 metros de calcário (rocha calcária), antecedida por 46 metros de areia fina (onde se encontra o lençol freático, com água contaminada) e seguida de 300 metros de areia grossa (onde estaria o lençol artesiano, com água boa e doce)”.

Reserva estratégica

Em seu pronunciamento, Tavinho Santos destacava, também, a reserva de água doce da Grande João Pessoa é estratégica e por isso deve ser preservada para as gerações futuras. “Se um maluco resolvesse jogar cianureto, por exemplo, num reservatório, ele teria que ser isolado para descontaminação e a população passaria a ser abastecida emergencialmente de água subterrânea”.

Mas a perfuração indiscriminada de poços artesianos, segundo Tavinho, poderá trazer a água salgada do mar e salinizar o lençol artesiano, como já está acontecendo na cidade de Recife, em Pernambuco. E as águas subterrâneas são estratégicas para serem usadas com muita parcimônia, pois levam centenas de anos para se recomporem, e dependem de chuvas e matas.

“A nossa saída”, continua Tavinho, “será através das águas do Rio São Francisco, que chegaram ao município de Monteiro, no ano de 2010, para abastecer o Rio Paraíba, que será perenizado em toda sua extensão, através do Eixo-Leste do Projeto de Integração da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco com a Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba”.

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Jornal da Paraíba

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