CULTURA
Livro aborda a orquestra 'nazi'
Livro ' A Orquestra do Reich - A Filarmônica de Berlim e o Nacional-Socialismo, 1933-1945' é lançado nesta terça-feira (02) em João Pessoa.
Publicado em 02/07/2013 às 6:00 | Atualizado em 14/04/2023 às 14:04
O modo pioneiro a subserviência de uma das mais renomadas orquestras do mundo à ideologia nazista. Este é o mote do livro A Orquestra do Reich - A Filarmônica de Berlim e o Nacional-Socialismo, 1933-1945 (Perspectiva, 337 páginas, R$ 70,00), do canadense Misha Aster, que será lançado nesta terça-feira, às 19h, na Usina Cultural Energisa, Torre, em João Pessoa.
A obra tem tradução do professor do Departamento de Música da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Rainer Patriota. No evento gratuito haverá um debate sobre a relação da filarmônica alemã durante o regime nazista conduzido pelos professores Ibaney Chasin – autor do posfácio do livro – e o vice-reitor da UFPB Eduardo Rabenhorst.
A Orquestra Filarmônica de Berlim, desde a sua criação no final do século 19, era sinônimo de excelência na música de concerto. Nos anos 1930, começou a passar por graves problemas financeiros, quando o nazismo ascendeu ao poder. Percebendo a oportunidade de controlar e usar o seu prestígio internacional, o ministro da propaganda do Terceiro Reich Joseph Goebbels fez o Estado assumir as contas da filarmônica.
De acordo com Chasin, tão escandaloso quanto as turnês de propaganda e os expurgos nazistas é o modo como o oportunismo e o populismo passaram a pautar as escolhas musicais e a moldar uma razão cínica.
Misha Aster analisa a posição ideológica dos músicos, a complexa burocracia do nazismo e a intensidade de sua política cultural.
O autor revela que foram poucos os episódios em que o Reich impôs o banimento de uma peça do repertório, por ser de compositor judeu ou os modernistas que viria contra os ideais do regime.
Já era conhecido o envolvimento de seus dois maiores regentes no período Herbert von Karajan (1908-1989), austríaco filiado ao partido hitlerista, e o alemão Wilhelm Furtwängler (1886-1954), que só defendeu músicos de origem judaica em nome da autonomia e da qualidade artística da instituição, sem protestar contra as perseguições antissemitas. Essa 'opção técnica' garantiu ao maestro tanto o cargo quanto a absolvição no período pós-nazismo.
Von Karajan passou 35 anos à frente da filarmônica, enquanto Furtwängler assumiu a batuta por 23 anos.
Foram dez maestros que passaram pela instituição. Atualmente, quem está no cargo desde 2002 é o regente inglês Simon Rattle.
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