VIDA URBANA
Hipótese de estupro motiva bate boca entre promotor e defesa no julgamento do caso Vivianny Crisley
Confusão aconteceu durante a réplica do promotor. Apenas um dos três réus está sendo julgado nesta quarta.
Publicado em 28/02/2018 às 18:39 | Atualizado em 28/02/2018 às 18:59
A possibilidade de Vivianny Crisley ter sido estuprada motivou uma discussão entre defesa e promotoria durante o julgamento do caso na noite desta quarta-feira (28). A confusão aconteceu durante a réplica do promotor.
O promotor que atua no caso, Márcio Gondim, disse que acredita que a vítima tenha sofrido violência sexual antes de ser morta. Mas, diz que não tem como provar e que por isso não pede aumento da pena de Allex Aurélio Tomas dos Santos.
A defensora pública Neide Vinagre, que faz a defesa do réu, reclamou dizendo que o promotor estava mentindo e se retirou da sala de julgamento. Ela defende que não há provas de abuso sexual no processo e, por isso, o assunto não deveria ter sido levado ao julgamento.
O julgamento acontece no Fórum de Santa Rita, na Grande João Pessoa. A sessão estava marcada para começar às 13h, mas começou com pouco mais de uma hora de atraso. Após sorteio, o conselho de sentença foi definido com quatro mulheres e três homens. A juíza que comanda o julgamento é Lilian Frassinetti Cananéa. A previsão é que o julgamento se estenda até as 20h.
Allex Aurélio Tomas dos Santos é o único dos três réus que está sendo julgado nesta quarta-feira. Os outros dois acusados tiveram o júri adiado para dia 16 de maio. Fágner das Chagas e Jobson Barbosa da Silva teriam a defesa feita por defensores públicos, mas fizeram uma troca por defensores particulares, que precisam de mais tempo para tomar conhecimento do processo. A mudança foi avisada pouco antes da abertura da sessão do júri. Com isso, apenas Allex Aurélio Tomas dos Santos vai ser julgado neste primeiro momento.
>>> Vivianny foi uma das 90 mulheres vítimas de homicídio em 2016 no estado da Paraíba
Os três réus respondem por homicídio qualificado, sequestro, furto e ocultação do cadáver da jovem. Na apresentação da acusação no júri popular, o promotor Márcio Gondim alegou também que Vivianny Crisley teria sido violentada, mas devido ao estado em que o corpo foi encontrado a perícia não teve como comprovar esse fato.
Fórum está lotado para julgamento
O Fórum de Santa Rita está lotado para o julgamento do caso. Familiares de Vivianny, ativistas de grupos de defesa da mulher e estudantes de direito acompanham de perto o júri popular.
O Promotor Márcio Gondim disse que considera o adiamento do julgamento de dois dos acusados uma manobra da defesa, mas acredita na condenação de Allex. "Rogamos que a pena do acusado seja superior a 30 anos de cadeia", defende. A prima da vítima, Williane Freitas, concorda com o promotor, mas disse que acredita na justiça. "A gente vai sofrer mais uns meses para esperar os outros dois assassinos e a gente crê em Deus e na justiça", garante.
Williane destaca que, para a família, ver as imagens de como Vivianny foi encontrada morta "comove demais". "Eu não tenho palavras para definir este crime porque foi muito pesado", avalia.
Já a defesa, feita pela defensora pública Neide Vinagre, alega que não existem provas de que o acusado participou efetivamente do crime. Ela também demonstrou insatisfação com o adiamento do julgamento dos outros réus. Além disso, ela reclama da forma como o cliente está sendo tratado pela promotoria. “Os promotores podem chegar aqui e acusar o réu de facínora, homicida e bandido. Se eu falar qualquer coisa de Vivianny serei julgada”, reclama.
Vítima foi morta depois de sair de bar
Vivianny tinha 28 anos quando foi morta. Ela foi vista pela última vez no dia 20 de outubro de 2016, quando saía de um bar na Zona Sul de João Pessoa. O corpo foi encontrado carbonizado no dia 7 de novembro do mesmo ano, em uma mata nos limites dos municípios de Bayeux e Santa Rita.
Veranilde Viana, mãe de Vivianny, diz que seu único desejo é que a justiça seja feita. " Só espero que eles paguem pelo que fizeram, é só isso mesmo que eu desejo. Quero justiça”, diz.
O caso
Na época, os acusados, Allex Aurélio Tomas dos Santos, Fágner das Chagas e Jobson Barbosa da Silva Júnior, alegaram que a vítima foi assassinada “porque gritou”. Segundo eles, o trio conheceu Vivianny na noite do crime.
A vendedora foi morta com vários golpes de chave de fenda e teve o corpo queimado com ajuda de gasolina e um pneu, segundo perícia do Instituto de Polícia Científica (IPC).
Jobson Barbosa da Silva Júnior e Fágner das Chagas Silva foram presos no Rio de Janeiro foram presos em novembro de 2016 no Rio de Janeiro. Eles apresentaram uma versão contraditória com a que foi relatada por Allex Aurélio, primeiro preso.
Segundo eles, o trio conheceu Vivianny na noite do crime, no bar em que eles estavam e de onde saíram de carro para procurar outro lugar onde encerrar a noite. Mas acabaram indo parar na casa de Juninho, momento em que Vivianny gritou para ir embora.
Juninho e Allex entraram na residência, enquanto Vivianny e Fágner ficaram dentro do carro. Juninho e Allex voltaram com as chaves de fenda e atacaram Vivianny, tiraram gasolina de uma moto, colocaram um pneu de bicicleta em cima do corpo e atearam fogo.
Comentários